Entrevista: Usaflex alia moda e conforto para mulher atual e planeja expansão em Minas

Fundada em 1998, na cidade de Igrejinha, no Rio Grande do Sul, a Usaflex é pioneira e líder na fabricação de calçados e bolsas de couro que priorizam a inovação, estilo e conforto para mulheres. Com produção de até 25 mil pares de calçados por dia, a marca se destaca por agregar tecnologia em mais de 50 diferentes linhas de produtos, que podem ser adquiridos pela loja virtual, multimarcas ou em uma das mais de 320 franquias espalhadas por todo território nacional.
E foi durante a maior feira de franquias do mundo, a ABF Franchising Expo, em São Paulo, que o diretor de Franquias, Elbio Armiliatto, falou com exclusividade ao Diário do Comércio sobre a importância de Minas Gerais para a marca, os planos de internacionalização, o peso de rebranding para na história da Usaflex, e, claro, os impactos dos eventos extremos do Rio Grande do Sul sobre a empresa.
A Usaflex passou os últimos anos por um grande processo de reposicionamento no mercado. O que você pode dizer sobre o momento atual da empresa?
A Usaflex é uma marca que já completou 26 anos. Nascemos como uma empresa industrial, produzindo sapatos e comercializando no seu varejo tradicional, nas sapatarias. A partir de 2017, assumimos uma proposta de fazer crescer a percepção da marca investindo basicamente em três grandes pilares: em marketing, para divulgar a marca; em design de produto, para rejuvenescer o produto que até então era considerado um produto de “titia e de vovó” e a partir daí começamos a trazer jovialidade e moda para o conforto e o terceiro grande pilar foi em franquias. Um projeto de franquias crescendo e vindo a ponto de a gente sair lá de 2017, com algumas lojas que eram fidelizadas e que viraram franquias para chegar agora, em 2024, com 321 lojas no Brasil e a meta de encerrar o ano com 350 lojas. É um crescimento – com dois anos de pandemia no meio da história – com uma média de quase 50 lojas por ano. Somos considerados um case no mercado do franchising e para o nível de investimento necessário para uma franquia Usaflex. Esse nível de crescimento você só vê em microfranquias. O investimento exigido pela Usaflex fica entre R$ 500 mil e R$ 600 mil.
Você falou do pilar do design, do reposicionamento da marca. Vocês conciliaram conceitos que pareciam incompatíveis como conforto e beleza, praticidade e festa, por exemplo. Como juntar todas essas nuances em um modelo de negócios que prima pela padronização, em um País do tamanho e com tantas diferenças regionais como o Brasil?
Esse crescimento só foi possível porque a franquia gerou visibilidade para a marca e este rejuvenescimento aproveitou o momento em que as pessoas não estão mais dispostas a ficarem desconfortáveis usando um determinado produto. A Usaflex aproveitou muito essa possibilidade que o mercado trouxe. Estávamos preparados para isso, entregar moda e beleza mantendo o DNA de conforto. Esse foi o fator que nos fez crescer nesses níveis. Sobre a questão da regionalização, todos os nossos franqueados têm liberdade para comprar os produtos de acordo com a sua região. A Usaflex oferece um portfólio de produtos que atende de norte a sul.
É claro que muito desse sucesso você deve ao franqueado, que é o sócio na na ponta. Qual o perfil e como escolher um candidato? Quem é o franqueado ideal?
Para ser um franqueado da Usaflex, tem que gostar de moda e de sapato. Isso já é meio caminho andado. Outro ponto fundamental e que não abrimos mão, é que ele seja um franqueado operador. Não buscamos franqueado investidor. O franqueado operador é aquele que efetivamente vai estar no comando da loja, que vai imprimir o ritmo dele na gestão. São importantíssimas tanto a gestão interna de estoque, de compras, financeira, mas principalmente a gestão de pessoas. O atendimento é o grande diferencial do varejo. O produto muitas vezes é o mesmo, o marketing é o mesmo, então, o que que faz a diferença de uma loja ter 120% da sua meta ou 90% da sua meta cumprida é o operador, é quem está à frente da sua equipe e a equipe que presta o atendimento. Um bom atendimento cativa, conquista e fideliza consumidor.
E isso é fundamental para os resultados do negócio em um cenário de escassez de mão de obra, certo?
Fazer gestão de gente é ganhar escala. Temos uma estrutura toda preparada para treinar a mão de obra do franqueado. Acompanhamos o franqueado durante todo o período de pré-montagem, mas a rapidez com que é preciso reciclar e treinar pessoas faz com que a gente tenha investido na universidade Usaflex que é o nosso Uniflex, e hoje todas as nossas vendedoras conseguem trabalhar com mobile, que faz todas as frentes digitais, a multicanalidade. Essa omnicanalidade está na palma da mão da vendedora. Esse mesmo mobile serve para ela ser treinada.
Você falou do mobile na mão da vendedora. Durante muito tempo acreditou-se que as ferramentas digitais iriam concorrer com as lojas e com os vendedores, ao contrário, certo?
Sem dúvida. Hoje o nosso processo é integrar o varejo físico e o varejo digital. O projeto é utilizar essas ferramentas de complementaridade porque os dois canais se complementam e de maneira alguma eles concorrem porque a gente tem o mesmo preço e a mesma política.
Agora falando sobre Minas Gerais, quais os planos para o Estado?
Já temos um bom número de lojas em Minas Gerais. Mas tem várias cidades que a gente está prospectando. Temos oportunidades no Sul de Minas e já estamos negociando uma loja em Poços de Caldas. Também já temos data prevista para inaugurar uma loja em Divinópolis (região Centro-Oeste do Estado), e buscando outras oportunidades também na Grande BH. Teremos até no final de ano, com certeza, no mínimo, mais dez lojas em Minas Gerais.
A Usaflex nasce como uma indústria, hoje a produção é totalmente verticalizada?
Sim. Temos plantas industriais em três cidades, a matriz da empresa é em Igrejinha, no Rio Grande do Sul, e as outras cidades estão no raio de 50 quilômetros. Só terceirizamos a produção de bolsas e acessórios que não estão no nosso core.
Infelizmente não podemos deixar de falar sobre os eventos climáticos extremos lá do Rio Grande do Sul. Como isso impactou a produção e como a Usaflex lida com essa situação lá no estado em relação à sustentabilidade?
A gente vem trabalhando com força nisso. Já temos o selo de origem sustentável, com o tratamento de 100% dos nossos resíduos industriais. Estamos trazendo para a rede de franqueados várias ações em termos de sustentabilidade como reaproveitamento de embalagens e embalagens mais sustentáveis. Lançamos até uma linha de produtos sustentáveis, oriundos de reciclagem de pet que vira tecido para fazer detalhes dos sapatos. A questão da sustentabilidade não pode estar ausente da estratégia de nenhuma empresa nos dias de hoje.
Sobre a questão da tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul, sofremos muito com a região. A cidade de Igrejinha foi alagada e a água chegou muito próximo da nossa indústria, mas não fomos atingidos e nem tivemos prejuízo. Diversas famílias de funcionários nossos, porém, perderam casas, automóveis e outros bens. Isso motivou uma grande campanha que fizemos e, graças a Deus, com a colaboração de fornecedores, franqueados e com o apoio da indústria, conseguimos comprar muito do que foi perdido pelos nossos funcionários. Entregamos desde colchões até eletrodomésticos , como geladeira e fogão.
Também oferecemos férias coletivas por duas semanas para os nossos funcionários, até para que eles pudessem cuidar das suas casas e famílias.
Falamos muito de Brasil. E para fora do Brasil, quais são os planos?
Da mesma forma como nós temos a franquia aqui no País, nós temos para fora do Brasil as lojas licenciadas. Temos contrato de licenciamento com a loja exatamente igual. Já temos 24 lojas fora do Brasil nesse modelo, a maioria na América Latina, mas já temos uma loja em Israel. Agora estamos prospectando na Europa e já inauguramos a primeira loja nos Estados Unidos. Pretendemos até o final deste ano chegar a 30 lojas licenciadas fora do Brasil. É um processo de expansão que tem espaço para crescer.
Tanto os produtos de moda como os calçados brasileiros são muito bem quistos na Europa, que, talvez, seja o mercado mais exigente inclusive do ponto de vista do ESG.
Exato. O mercado europeu valoriza muito o sapato em couro e como a Usaflex é uma empresa que só utiliza couro no seu processo de fabricação de sapatos, tem espaço no exterior. A Europa valoriza muito design também, a gente tem investido muito nesse quesito. Aliamos moda e beleza ao conforto. Hoje todos os licenciados são nativos porque eles são, via de regra, alguém que já era distribuidor da marca naquele país. A gente já exporta cerca de 8% a 9% da nossa produção.
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