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Gráfica Tavares completa 100 anos em pleno crescimento

Empresa já está na 4ª geração
Gráfica Tavares completa 100 anos em pleno crescimento
Fundada em 1924, a história da Gráfica Tavares de Pedro Leopoldo, na RMBH, se confunde com a história da própria cidade | Crédito: Divulgação/Gráfica Tavares

A história da Gráfica Tavares de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), se confunde com a história da própria cidade. As duas completam, neste ano, o seu primeiro centenário. Primeiro porque, se depender dos sucessores da empresa, ela chegará aos 200 anos. A gráfica, que já está na quarta geração da família, deve anunciar novidades em breve.

Quem conta é a diretora financeira e comercial da Gráfica Tavares, Myriam Tavares. Citando trechos da canção do Belchior, mais conhecida na voz de Elis Regina, ela comenta que “‘o novo sempre vem’, já dizia a música”. A empresária acredita que não só as pessoas, mas as empresas devem estar abertas e atentas às novidades. Ao longo dos 100 anos de atuação da gráfica, eles já vivenciaram diversas mudanças tecnológicas, econômicas e comportamentais e, na opinião dela, não há como não ser resiliente.

“Essa questão de estarmos abertos, de estarmos sempre procurando trazer inovações, termos equipamentos diferentes para atender às demandas, sejam elas urgentes, sejam elas mais complexas ou achar uma solução simples dentro dessa gama de serviços da comunicação impressa, nos fez chegar aqui”, comenta.

Sucessão antecipada foi um dos grandes desafios

Tudo começou em Cordisburgo, na região Central de Minas, de acordo com a diretora. Foi lá que João Tavares, conhecido como Tio Padre, aconselhou o irmão Joaquim Tavares a aprender o ofício. Em seguida, mudou-se para Pedro Leopoldo e, em 1924, junto com a emancipação do município, nascia também a Gráfica Tavares. Além da tipografia, que ele chamava de “oficina”, também distribuía jornais e revistas da “distante” capital.

Em 1971, José, um dos quatro filhos de Joaquim e o único que havia seguido os passos do pai, inaugurou as novas instalações da gráfica, já com uma série de inovações para a época. E, no final da década de 1980, a terceira geração assume após o acidente com o pai, mantendo-se até hoje como uma empresa forte e competitiva no mercado.

“Em 1987, meu pai morreu aos 57 anos, em um acidente de carro. Eu tinha 19 anos, meus irmãos 21 e 24. O Frederico, que era o mais velho, já trabalhava com ele e estudava fora, mas resolveu voltar e assumimos todos juntos”, relembra. Ela conta que eles estudavam e ajudavam na gráfica e essa ‘ajuda’ acabou contribuindo para a formação deles enquanto gestores no futuro. “Foi um dos períodos mais desafiantes de todos os que já enfrentamos”, relembra Myriam Tavares.

Legalidade e inovação contribuem para longevidade do negócio

Como empresa familiar, ela revela que um dos grandes motivos que permitiu a longevidade da Gráfica Tavares é o fato deles fazerem tudo de forma legalizada e separar o pessoal do profissional. “O negócio está acima dos problemas familiares, soubemos lidar e separar isso bem. Além do respeito, da confiança e da seriedade com que cada um trabalha. Acreditar no trabalho e ser correto com todos os pares, com nossos colaboradores, com a sociedade faz a gente ter credibilidade”, comenta.

Outro ponto que ela levanta é o da inovação. Ela alega que a empresa sempre procurou buscar e trazer novidades para acompanhar as demandas e as exigências do mercado. “Nossa empresa é completamente diferente de cinco anos atrás e deverá ser também diferente no futuro”, diz.

Atuando no mercado B2B, a diretora conta que hoje a gráfica já trabalha com serviços de inteligência gráfica que são soluções flexíveis e atuais na medida que o cliente precisa, para atender o objetivo dele. O nicho corporativo e o setor de saúde é um dos mais importantes para a empresa. “Além de toda a papelaria que eles demandam, trabalhamos muito com brindes, agendas, cadernos corporativos e objetos personalizados”, exemplifica.

Dentre os desafios enfrentados ao longo dos anos, além do processo de sucessão antecipada, Myriam Tavares destaca o período da pandemia. Ela conta que cerca de 70% do faturamento foi perdido e o que segurou a empresa foi a produção de máscaras. “A gente desenvolveu um produto, uma face shield (máscara feita de plástico ou acrílico que cobre todo o rosto como um escudo) que nos ajudou muito, sobretudo, nos três primeiros meses que ficamos completamente parados”.

Myriam Tavares | Crédito: Divulgação/Gráfica Tavares

Ter a capacidade de adaptar-se ao mercado, continuar existindo e crescendo é o desafio que Myriam Tavares revela como grande feito superado nesse um século de operação. “É um setor que é muito familiar, de sucessão e, muitas vezes, as pessoas não se qualificaram, não se preocupam com a gestão profissional”, pontuou. Ela acrescenta ainda que o desenvolvimento educacional para a gestão de negócios é um importante desafio para o setor gráfico.

Gráfica do futuro já está no planejamento estratégico

E se inovar está no DNA da empresa, não seria diferente os planos estratégicos para 2024. Com a quarta geração já atuando no setor de marketing, os sobrinhos já trabalham, inclusive, no reposicionamento estratégico da empresa, que deve trazer um investimento de R$ 1 milhão nos próximos três anos.

Para 2024, o crescimento esperado é de 12% e uma nova sede está prevista para ser inaugurada em três anos. “Hoje a gente ocupa dois galpões no centro da cidade. Agora, queremos unificar essas produções em uma área nova, provavelmente, no distrito industrial (DI) da cidade”, revela.

Transferindo a produção para o distrito industrial, a sede no centro da cidade já tem uso definido. “Abriremos um novo negócio, o que chamam de ‘gráfica do futuro’, que são estas gráficas digitais que atendem outro nicho de mercado. Continuaremos no mercado corporativo, mas atendendo um novo nicho com menores quantidades e customizações mais direcionadas”, explica.

Crédito: Divulgação/Gráfica Tavares

Myriam Tavares conta ainda que este ano também estão investindo em equipamentos gráficos como os de acabamento de capa dura e em outras áreas gráficas. A empresa, atualmente, emprega 14 colaboradores diretos e conta com o trabalho terceirizado de cerca de 20 pessoas.

“Não pretendemos ser gigante. Nossa forma de ocupar o mercado é fazendo entregas de determinado volume, com qualidade e sem concorrer com as gigantes do mercado. Nossa forma de estar no mercado é ser do tamanho que a gente é, e não tem problema”, comenta.

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