Justiça desobriga manutenção de empregos em acordo entre Embraer e Boeing
São Paulo – O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou ontem que teve negado pela Justiça do Trabalho um pedido para obrigar o governo federal a condicionar a venda de parte da Embraer para a Boeing a garantias de preservação de empregos. A operação anunciada no mês passado prevê que a Boeing ficará com 80% do setor de aviação comercial da Embraer. O governo brasileiro tem uma golden share na Embraer, o que na prática lhe dá poder de veto. Segundo o MPT, a ação foi proposta após a instauração de inquérito civil enviado à Embraer e à Boeing com recomendação de que apresentassem garantias de que os empregos permaneceriam no Brasil. As empresas apresentaram respostas indicando que não pretendem dar tal garantia. O MPT recomendou que a União exigisse a manutenção dos empregos da Embraer no Brasil como condição para aprovar o negócio, mas recebeu resposta de que a preservação dos empregos na Embraer não preocupa o governo federal. O pedido do MPT foi indeferido pela Justiça do Trabalho, que entendeu que o exercício da golden share é um ato discricionário. “O MPT oferecerá mandado de segurança da decisão. A ação civil pública ainda precisará ser julgada”, afirmou o MPT. Balanço – A Boeing informou ontem lucro trimestral maior do que o esperado, mas cortou sua previsão para o ano inteiro para as margens em seu negócio de defesa, citando os custos mais elevados no programa do avião-tanque de reabastecimento aéreo KC-46. “A administração já havia expressado confiança de que não haveria mais custos para avião-tanque, e ainda assim eles continuam vindo”, disse Robert Stallard, analista da Vertical Research Partners, em uma nota de pesquisa. A Boeing prevê lucro ajustado, excluindo algumas despesas previdenciárias e outros custos, em 2018 entre US$ 14,30 e US$ 14,50 por ação, inalterado em relação ao mesmo período do ano passado, mas abaixo da estimativa de Wall Street de US$ 14,56 por ação. A empresa sediada em Chicago elevou a previsão de receita para o ano todo, mas manteve inalteradas as previsões de lucro por ação e fluxo de caixa. As margens operacionais em sua unidade de Defesa, Espacial e de Segurança caíram para 9,3% no trimestre, ante 11,9% um ano antes, refletindo um aumento nos custos de US$ 111 milhões no petroleiro KC-46, disse a Boeing. A Boeing informou que o programa de reabastecimento aéreo da Força Aérea dos EUA, o KC-46, registrou um custo adicional de US$ 426 milhões antes dos impostos, enquanto a empresa trabalha com atrasos nos testes e mudanças na produção. A companhia já contabilizou cerca de US$ 3 bilhões em custos totais no programa, derivado do seu avião comercial 767. No mês passado, a Força Aérea dos EUA disse que a primeira entrega do KC-46 seria em outubro, mais de dois anos de atraso. Os problemas do KC-46 ofuscaram o desempenho acima do esperado do lucro trimestral. O lucro ajustado foi de US$ 3,33 por ação, superando a estimativa média de analistas de US$ 3,26 por ação, segundo a Thomson Reuters I/B/E/S. A receita total subiu 5%, para US$ 24,26 bilhões, também superando as estimativas, enquanto as entregas de aeronaves comerciais subiram 6%, para 194 aviões. A Boeing registrou 239 pedidos líquidos durante o trimestre, incluindo 91 jatos de corredor duplo. Para o ano inteiro, a empresa espera uma receita total de US$ 97 bilhões a US$ 99 bilhões, em comparação com sua estimativa anterior de US$ 96 bilhões a US$ 98 bilhões. Em seu segmento de aviões comerciais, o maior da companhia, as margens operacionais subiram para 11,4%, ante 9% há um ano, com receita de US$ 14,48 bilhões. A receita foi de US$ 14,28 bilhões no mesmo período do ano passado.
Ouça a rádio de Minas