La Crepe renova o cardápio e aposta na diversificação
Quando ainda predominavam bares e botecos, há 14 anos, o bairro Santa Tereza ganhou sua primeira creperia, a La Crepe, uma novidade na época que resiste até os dias de hoje. Mas para se adaptar à crise que estagnou o faturamento do negócio, o seu dono e fundador, Elias Brito, decidiu investir também nas iguarias de tradição botequeira, como porções, grelhados e hambúrgueres artesanais. A inclusão dos novos produtos demandou um investimento de aproximadamente R$ 70 mil, que incluiu mudanças estruturais, como a reforma da cozinha. “Quando começamos, o crepe ainda era um prato desconhecido e tivemos dificuldade de fazer pegar no início, porque as pessoas ainda estavam acostumadas com aquele crepe de palito vendido nos shoppings”, conta Brito. A casa trabalha com os crepes empratados feitos à moda francesa e com recheios diversos como filé, frango, carne de sol, peixe, camarão, e até mesmo sorvete. Desde sua fundação, o restaurante passou por várias reformas, sendo que as mais recentes totalizaram cerca de R$ 500 mil em investimentos. Inicialmente, os trabalhos aconteciam em apenas uma das sobrelojas do sobrado localizado na rua Dores do Indaiá, que funcionou como uma espécie de laboratório para se ampliar o negócio ao longo dos anos. Hoje, todo o prédio, avaliado em R$ 4 milhões, faz parte da La Crepe, e se nos primeiros anos a equipe era formada apenas por Elias, sua esposa Cláudia e um garçom, em um espaço que só comportava 30 pessoas sentadas, hoje, são sete funcionários e capacidade para atender 120 pessoas nas mesas. Mas o projeto a médio prazo é aproveitar os andares superiores do sobrado e ampliar a capacidade de atendimento para até 450 pessoas sentadas. “Com o passar dos anos tive condições de comprar todo o prédio com o dinheiro da própria empresa, que vive em um processo constante de mutação. Temos que estar sempre nos renovando para nos manter no mercado, que é muito dinâmico, e atender às novas demandas. Meu plano a médio prazo é aproveitar todo o espaço do sobrado, utilizar os seus três andares, aproveitar a vista para a Serra do Curral que temos na parte de cima, ampliar nossa capacidade de atendimento e, com isso, estender também os horários de funcionamento, abrir para almoço, por exemplo”, detalha Brito. O projeto futuro vai de encontro à demanda atual do estabelecimento. “Temos mais movimento a partir de quinta-feira até o fim de semana. Em uma sexta-feira, por exemplo, recebemos de 300 a 400 pessoas em média”, justifica. Adaptações – Uma curiosidade que torna a La Crepe um estabelecimento de “raiz”, é que o negócio se manteve por dez anos sem aceitar nenhum tipo de cartão como pagamento. Uma decisão do dono, Elias Brito, para manter o padrão de qualidade no atendimento. Mas há quatro anos, graças à crise econômica, isso mudou. “Permanecemos até 2014 aceitando só cheque ou dinheiro, porque a casa vivia lotada, com fila de espera, a demanda era muito alta, e abrindo mais o leque de pagamento, isso poderia prejudicar o atendimento. Adotamos esta estratégia para dificultar um pouco o acesso e manter o padrão de qualidade. Mas depois, com a estagnação do comércio, passamos a aceitar cartões. Não notei muita diferença no movimento, ainda não temos as grandes filas de espera que tínhamos há alguns anos, mas o movimento se mantém e a casa está sempre cheia. Acho que a única diferença com a adesão aos cartões foi que o cliente ficou mais feliz”, brinca. A inclusão de novos pratos no cardápio também é uma estratégia para abarcar outros tipos de público. “Manter apenas um prato também vai gerando um certo desgaste no comércio, por isso acabamos de lançar estas novidades no cardápio, como os hambúrgueres artesanais, carne de angus, porções, e o público tem aceitado bem. A ideia é atrair clientes que antes não frequentavam o estabelecimento porque não gostavam de massas, por exemplo”, explica. Quem assume a produção dos novos pratos é o próprio Elias, até criar um “padrão” de produção e deixar a cozinha nas mãos de um funcionário. Mas os crepes continuam sendo o carro-chefe da casa, cada um deles com um nome de uma cidade mineira e, muitos, criados a partir de sugestões de clientes do interior, que queriam no crepe, um recheio que lembrasse a sua terra natal.
ABERTURA DE UMA FILIAL ESTÁ NOS PLANOS Antes de criar o negócio ideal, Elias teve várias outras funções. Em Dores do Indaiá (Centro-Oeste), cidade mineira que leva o mesmo nome da rua onde se insere o La Crepe, foi secretário de Cultura por quatro anos. Em Belo Horizonte, foi promotor de eventos e também teve vários outros empreendimentos como pizzaria, churrascaria e pastelaria. “Mas chegou uma hora que eu queria trabalhar em um lugar com o meu perfil, queria trabalhar junto com a minha esposa, em um espaço mais aconchegante, família, e a La Crepe veio concretizar isso e me deixar ficar quieto em uma coisa só”, conta. É também por meio da família, que ele pretende expandir o negócio. “Um dos meus filhos acabou de completar 18 anos e eu estava esperando que isso acontecesse para treiná-lo e deixar uma nova unidade na mão dele. Não queria deixar na mão de terceiros porque o negócio pode acabar perdendo a qualidade e a identidade. Acho que entre a família é mais seguro. Uma nova filial deve ser aberta daqui a um ano mais ou menos, mas ainda estamos estudando o local, provavelmente, não será no Santa Tereza”, conclui.
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