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Mineiridade: Livraria Leitura tem maior número de lojas no País

E-commerce da livraria e papelaria Leitura lançou empresa na vanguarda das vendas on-lines e digitais em Minas Gerais
Mineiridade: Livraria Leitura tem maior número de lojas no País
As lojas da Leitura, perto da 100ª unidade, são mais do que pontos de vendas, são centros de cultura e entretenimento | Crédito: Divulgação/Leitura

Com mais de 55 anos de história, a Livraria Leitura, mineira de Belo Horizonte, é hoje a maior rede de livrarias do País em número de lojas. Uma empresa familiar que perdura por décadas no turbulento mercado editorial brasileiro, talvez um dos primeiros a sentir os efeitos da transformação digital, mesmo quando ela ainda não significava uma revolução. No início dos anos 2010, período em que poucas atividades comerciais se rendiam à internet, o e-commerce já rondava o setor, e a companhia estava na vanguarda.

O negócio teve início em 1967 na Galeria Ouvidor, tradicional ponto do hipercentro da Capital, e tinha o foco na venda de livros usados. Era a “Livraria Lê” que, aos poucos foi tomando corpo e ganhou sua primeira filial em 1980, ainda em Belo Horizonte. A diferença para a matriz era que essa vendia também artigos de papelaria. Em 2000, a empresa inaugurou a primeira filial fora do Estado, chegando a Brasília.

Os anos foram passando e a Leitura tornou-se nacional. Também deixou de ser “apenas” uma livraria ou papelaria, ao comercializar materiais escolares, de escritório, itens de papelaria, de informática, presentes e muito mais. A empresa foi uma das primeiras do Brasil a adotar o conceito megastore, que consiste em lojas acima de mil metros quadrados e grande variedade de produtos de cultura e entretenimento.

A rede tem atualmente 99 lojas distribuídas em 22 estados e conta ainda com a Leitura Distribuidora de Livros, o atacado de papelaria PLM, quatro lojas de departamento D+ Casa e Presentes e o site de vendas leitura.com.

As lojas são mais do que pontos de vendas. São centros de cultura e entretenimento e contam com uma enorme variedade de produtos, passando os 60 mil itens entre livros, revistas, filmes, música, games, informática, papelaria, jogos e presentes. Há ainda espaços de entretenimento como cafés, ambientes para leitura, sessões de autógrafos e eventos culturais.

“Leitura é muito mais que uma livraria” – é o slogan da empresa e também o motivo que a traz à edição desta semana da série Mineiridade. A série do DIÁRIO DO COMÉRCIO conta histórias e apresenta negócios originalmente mineiros que, além de terem dado certo, geram emprego, renda e movimentam a economia do Estado e do País.

Longevidade da livraria tem a ver com a gestão

O gerente-geral da rede, Oberdan Braz, atribui a longevidade da Leitura à gestão, que alia capacidade de transformar informação em tomada de decisão, resiliência e multidisciplinaridade. Segundo ele, o presidente Marcus Teles está na empresa desde os 13 anos, acompanhou todas as transformações, desafios e oportunidades do negócio e se tornou um excepcional empreendedor.

A estratégia, conforme Braz, também diz respeito a não negligenciar o lucro. “A Leitura é uma empresa que sabe que para ter perenidade não se pode perder dinheiro. Por isso atravessou diferentes cenários políticos, econômicos, sociais e a recente pandemia. É ganhar dinheiro hoje e fazer melhor amanhã. Não dá para manter loja aberta sem resultado”, diz.

Prova disso é que, se no período recente a empresa abriu dezenas de lojas, ao mesmo tempo, fechou 10 – sempre por falta de números satisfatórios. “É importante saber recalcular a rota”, completa o executivo.

A Leitura, com mais de 55 anos de história, foi uma das primeiras do Brasil a adotar o conceito megastore | Crédito: Alisson J. Silva

Funcionários que se tornam sócios e expansão territorial

Outra estratégia da Leitura diz respeito à descentralização, tanto territorial, com lojas fora do eixo Rio-São Paulo, quanto de administração. Entre os mais de 70 sócios da empresa, muitos ingressaram como funcionários. O clima organizacional também é outro diferencial. “A motivação ocorre pelo exemplo e não apenas pelas palavras”, revela Braz.

Também por esses diferenciais de planejamento e gestão, enquanto gigantes do mercado editorial brasileiro, como a Saraiva e a Cultura, enfrentaram grandes dificuldades financeiras nos últimos anos, fechando diversos pontos de vendas, a mineira abocanhou o espaço e tornou-se a maior rede do País.

Apenas em 2022, foram quatro lojas abertas. Em 2021, haviam sido 15. E para este exercício estão previstas pelo menos cinco – mas, possivelmente, alguma poderá ser fechada. O gerente-geral revela que essa estratégia depende muito de a Saraiva entregar loja ou não. Segundo ele, os shoppings bons já estão bem limitados e a loja de rua já deixou de ser interessante para o negócio de livrarias.

“No shopping a compra é por impulso. Há muitos anos, o forte eram as lojas de rua. Mas isso se inverteu, inclusive, pela questão da segurança e da disponibilidade de vagas de estacionamento”, comenta.

Enfim, sobre o comércio digital, Braz recorda que a Leitura também foi uma das primeiras livrarias do Brasil a lançar e-commerce. Em 2013, a empresa já tinha um canal de vendas virtual, mas identificou que, naquele momento, seguir com a plataforma não era a melhor estratégia, até porque, entre os concorrentes, estavam operações muito maiores. Foi então que a rede suspendeu o canal e trabalhou para aprimorá-lo nos anos seguintes, chegando a um novo modelo ideal em 2019. O que foi muito positivo, conforme o gerente geral, já que no ano seguinte, em função da pandemia de Covid-19, a livraria precisou concentrar as vendas no ambiente virtual.

Hoje, o site e o marketplace são a maior loja da Leitura, considerando cada operação isoladamente. Mas em termos de representatividade, o e-commerce ainda responde apenas por 5,5% dos negócios e o gestor não acredita que esse número vá crescer muito além, em virtude da concorrência com as grandes plataformas do setor, como Amazon, Mercado Livre e outros que trabalham com vendas genéricas.

“A gente sabe que o e-commerce chegou para ficar, mas não adianta pensar em superar os gigantes da área. O que podemos fazer é oferecer capilaridade ao nosso cliente. Se ele quiser comprar virtualmente e ir na loja retirar, é possível; se prefere comprar pessoalmente, também; e se quiser fazer a compra à distância e receber em casa, a Leitura também tem a opção”, conclui.

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