Mercado de leilões on-line continua crescendo no pós-pandemia

Nos filmes eles costumam ser glamourosos e estão ligados, normalmente, às joias, antiguidades e imóveis de luxo. Mas a verdade é que os leilões são um canal de venda dos mais diferentes tipos de produtos. A chegada da pandemia, assim como em muitos outros setores, levou o formato para o mundo digital e, de lá para cá, os leilões on-line estão cada vez mais populares no mundo todo, inclusive no Brasil.
O mercado global de leilões on-line tem crescimento estimado em até US$ 2,51 bilhões no período entre 2022 até 2027, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 11,35%, segundo dados de um estudo da consultoria norte-americana Technavio Research. No Brasil, o mercado de leilões virtuais tem crescido ano a ano, e teve um boom durante a pandemia, em que esse segmento cresceu aproximadamente 70%.
Entre os fatores que justificam essa mudança de comportamento estão:
- Acessibilidade e conveniência: os leilões on-line proporcionam a oportunidade de participar de eventos de qualquer lugar, eliminando a necessidade de presença física. Isso aumenta a acessibilidade, permitindo que pessoas de diferentes regiões participem de leilões sem sair de casa.
- Variedade de produtos: os leilões on-line abrangem uma gama de produtos, desde arte e antiguidades até veículos, imóveis, eletrônicos, itens de decoração, roupas, acessórios e outros produtos diversos. Isso atrai um público diversificado, interessado em diferentes categorias de itens.
- Preços atrativos: muitas vezes, os compradores podem encontrar produtos a preços muito mais baixos em leilões do que em transações convencionais. A competição entre os participantes pode resultar em ofertas vantajosas, o que é atraente para aqueles que buscam fazer bons negócios.
- Transparência e segurança: plataformas de leilões on-line costumam garantir a transparência nas transações, fornecendo informações detalhadas sobre os produtos, histórico dos leilões e regras claras. Isso ajuda a construir confiança entre os participantes.
- Oportunidades de investimento: além de compradores individuais, investidores também se tornam cada vez mais interessados em leilões on-line. Imóveis, por exemplo, podem ser uma opção atraente para investidores que buscam oportunidades de crescimento.
- Crescimento do comércio eletrônico: o aumento geral do comércio eletrônico também contribui para o crescimento dos leilões on-line. As pessoas estão mais confortáveis em fazer transações on-line, e isso se estende aos leilões.
- Desenvolvimento de plataformas especializadas: o surgimento de plataformas especializadas em leilões on-line, focadas em categorias específicas, tem atraído públicos mais segmentados, aumentando a eficiência na compra e venda de produtos específicos.
Há 40 anos no mercado, a Zuk passou pela transformação digital há bastante tempo. Há 15 anos se especializou em leilões de imóveis e desde essa época trabalha com o modelo de leilão on-line.

De acordo com a Head de Marketing e Operações da Zuk, Rafaela Yamashita, no início o virtual causou estranheza e foi na pandemia que a impossibilidade de encontros presenciais mostrou que o modelo remoto atenderia perfeitamente às necessidades de vendedores e compradores.
“O híbrido acontece há mais de 15 anos com o leiloeiro no auditório e ao mesmo tempo as pessoas fazendo lances via internet. O que acelerou o on-line foi a pandemia. Hoje quase ninguém participa presencial. Para garantir a tranquilidade de quem compra, temos uma área de atendimento ao consumidor muito estruturada para tirar as dúvidas. As regras são iguais e até as formas de pagamentos são as mesmas”, explica Rafaela Yamashita.
Para participar de um leilão é preciso fazer um cadastro e todos os dados são validados pelas plataformas que utilizam um modelo muito próximo do usado pelos bancos digitais. Do outro lado, os sites fazem uma minuciosa verificação da documentação da empresa ou pessoa física responsável pelo leilão e dos bens expostos.
Leilões on-line exigem segurança cibernética
Em Itaúna, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, a MGL Leilões foi fundada em 2001 com objetivo de ser uma empresa gestora de leilões e administradora da venda de bens judiciais e extrajudiciais. Fazem parte da equipe advogados, arquitetos, despachantes, publicitários, que atuam de forma conjunta para tornar a experiência de compra e venda simples e segura.
Segundo o diretor de marketing da MGL, Tailon Mariano, a plataforma começou com leilões judiciais, depois passou a atender também órgãos públicos e, agora, também clientes corporativos. Para garantir a tranquilidade dos arrematantes, a MGL oferece uma assessoria pós-leilão até a transferência do bem.
“Até a pandemia tinha uma cultura do leilão presencial, mas com as restrições de deslocamento e aglomerações, vimos a oportunidade de expandir os leilões on-line. Hoje os clientes preferem participar pelo digital. Fica mais barato e prático. A plataforma é bem intuitiva sem abrir mão da segurança dos dados tanto de vendedores como de compradores. O futuro desse segmento é bem tecnológico. Existe gente que ganha a vida comprando e vendendo em leilão. Mas para que isso seja realmente possível, é preciso estudar”, pontua Mariano.

Presente em 11 países e no Brasil há 12 anos, a norte-americana Copart é especialista em leilões on-line de veículos, sejam eles de seguradoras, bancos, vindo da desmobilização de grandes frotas ou de pessoas físicas.
Para o diretor comercial e de marketing da Copart do Brasil, Ciro Ronchezel, o mercado brasileiro tomou grande impulso durante a pandemia, mas ainda tem muito a crescer. Com mais de 10 mil veículos à disposição, a plataforma tem atuação nacional e pátios com capacidade para até oito mil vagas em diferentes praças.
“O Brasil sofre com grandes distâncias e problemas logísticos graves, então nosso foco para esse ano é aumentar a nossa capilaridade fortalecendo a presença física nos estados. Trabalhamos com uma gama muito grande de veículos, sendo alguns bastante específicos. Vendemos recentemente uma Ferrari – de R$ 3 milhões -, por exemplo, mas, ao mesmo tempo, centenas de motos simples para o trabalho de entrega – de R$ 350. O leilão é uma modalidade que permite uma venda rápida, garantindo liquidez para quem vende e agilidade para quem compra”, afirma Ronchezel.

Bomvalor aposta em rede colaborativa
A Bomvalor, sediada em São Paulo, usa a blockchain como ambiente para garantir a autenticidade e segurança das transações. Na plataforma, leiloeiros cadastrados têm acesso a todo o estoque de produtos. O comprador cadastrado encontra o produto desejado e escolhe o leiloeiro com quem trabalhar. A partir daí o leilão on-line acontece normalmente.
A Bomvalor trabalha com a venda de usados, ativos de falências, desmobilização, máquinas e equipamentos, além de oferecer serviços de alienação fiduciária.
De acordo com o CEO da Bomvalor, Fabio Kielberman, são quase 100 leiloeiros que sem o princípio da exclusividade precisam se preocupar com a qualidade do atendimento realizado ao arrematante.
“Nossa plataforma é uma crescente rede que reúne os mais destacados leiloeiros do Brasil, proporcionando segurança por meio da avançada tecnologia blockchain. Com todos os atores autenticados, impossibilitamos qualquer tipo de fraude. A partir disso, criamos uma rede colaborativa. As empresas vendedoras têm um marketplace dentro da nossa plataforma que chamamos ‘Mercado Bomvalor’. Criamos a figura do leiloeiro de confiança do comprador”, explica Kielberman.
Dessa forma, quem quer vender ganha visibilidade com o trabalho de vários leiloeiros e quem compra estabelece uma relação de confiança com o profissional. Todos participam ao mesmo tempo e com as mesmas chances do leilão em uma plataforma integrada.
“Vários leiloeiros vão operar ao mesmo tempo, disputando em igualdade de condições e com as informações em tempo real, permitindo que os compradores acompanhem cada lance e tomem suas decisões. Acreditamos que a blockchain será cada vez mais demandada para esse tipo de operação, garantindo a integridade e rastreabilidade da informação. No Brasil, a implementação do
Real Digital, no fim do ano, deve popularizar a tecnologia”, completa o CEO da BomValor.
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