Negócios

Minas se destaca em ranking de startups

Minas Gerais é o segundo estado com maior eficiência em geração de startups, perdendo apenas para Santa Catarina. O dado é da Radiografia do Ecossistema de Startups Brasileiras (Resb), elaborada pela Accenture em parceria com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e divulgada em julho. Ao analisar o estudo, representantes do segmento elogiam a posição de destaque do Estado, mas alertam que o ecossistema mineiro de startups está evoluindo pouco nos últimos anos. Com o objetivo de fomentar e compreender o ecossistema de startups no País, o estudo contou com a participação de mais de mil startups ativas em todos os estados do Brasil. O levantamento mapeou o perfil das startups, assim como os desafios e oportunidades para desenvolvimento dessas empresas no País. Além disso, o estudo também trouxe uma comparação dos ecossistemas de estados e cidades, classificando-os em diferentes rankings. O ranking do índice que mediu a eficiência dos estados na geração de startups foi liderado por Santa Catarina. Em seguida veio Minas Gerais e Ceará, respectivamente. Já no ranking do índice de densidade de startups por estado, Minas Gerais cai para terceiro lugar, perdendo para Santa Catarina e Distrito Federal. Na comparação por cidades, o Estado perde em representatividade: os municípios mineiros não ocupam os primeiros lugares nos rankings do estudo. O melhor resultado é de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que está em 4º lugar no ranking do índice de densidade de startups. Logo em seguida vem Itajubá, no Sul de Minas, em 7º lugar. Itajubá também é o melhor colocado do Estado (4º lugar) no ranking do índice de eficiência na geração de startups. Nessa listagem, Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aparece em 6º lugar, e Belo Horizonte em 9º lugar. De acordo com a ABStartups, Minas Gerais tem 593 startups cadastradas na associação, sendo 317 na Capital. Itajubá tem seis startups. Atuação – O diretor executivo da ABStartups, Rafael Ribeiro, afirma que Minas Gerais se destaca no Brasil porque construiu um ecossistema de startups forte. Ele chama a atenção para a atuação do governo do Estado nesse segmento, assim como de grandes empresas e da academia, que estão envolvidos em iniciativas diversas para o fortalecimento do ecossistema. Mas ele lembra que, apesar de se manter nas primeiras colocações nos rankings, o Estado não tem avançado tanto nos últimos anos. Prova disso são os rankings das cidades, em que os municípios mineiros são empurrados cada vez mais pra baixo. “Minas Gerais teve um boom de startups há alguns anos. Nessa época, o Estado produziu grandes startups, como Sympla, Hotmart e Rock Content. Mas, agora, quando olhamos para o mercado mineiro fica difícil deduzir quais serão as novas grandes startups do Estado. Não vejo uma continuidade nesse processo de desenvolvimento do ecossistema”, analisa. O vice-presidente de Qualidade, Planejamento e Controle da Assespro-MG, Presleyson Lima, também pondera que, embora Minas Gerais tenha um ambiente propício para inovação, isso só vai gerar resultados mais expressivos quando os diferentes agentes da cadeia se articularem. “O governo do Estado tem programas importantes, como o Seed e o Meu Primeiro Negócio. Ao mesmo tempo vejo a iniciativa privada atuando fortemente com ações como Raja Valley, FCJ Participações, Tech Mall e BMG Uptech. Há muitas outras ações de entidades de classe e da academia, mas está tudo desconectado. Falta conversa entre as partes”, argumenta. SAN PEDRO VALEY TEM UM DOS MELHORES ÍNDICES DE SATISFAÇÃO A Radiografia do Ecossistema de Startups Brasileiras também traz a perspectiva dos empreendedores sobre cinco pilares: ambiente regulatório; acesso ao capital; apoio aos empreendedores; mercado consumidor e talentos. A comunidade de startups de Belo Horizonte, San Pedro Valley, aparece entre as comunidades com maiores índices de satisfação em quatro desses pilares. A exceção é o “mercado consumidor”. Nesse pilar, a comunidade se destaca entre os maiores índices de insatisfação. Para Rafael Ribeiro, o mercado consumidor de Belo Horizonte está passando por um processo de amadurecimento para entender a nova economia e, por isso, ele se mostra mais difícil para os empreendedores. “A situação de Belo Horizonte nesse quesito não é muito diferente do resto do País. O mercado de startups é muito novo no Brasil, então é questão de amadurecimento”, diz. Já Presleyson Lima acredita que a dificuldade encontrada pelos empreendedores de startups não é muito diferente da que as empresas tradicionais enfrentam. Ele afirma que o consumidor mineiro é mais desconfiado e exigente, principalmente em relação a produtos inovadores. “O mineiro é fiel às marcas que ele já conhece, então para uma empresa nova e sem muita reputação convencê-lo precisa oferecer muito valor”, analisa. Outra comunidade que teve destaque nos índices de satisfação e insatisfação dos cinco pilares foi a Colmeia, que é a comunidade de startups de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Ela apareceu entre as comunidades com maiores índices de satisfação no ambiente regulatório, mas entre as mais insatisfeitas no pilar “talentos”. “A prefeitura de Uberlândia reduziu o ISS das startups para a cota mínima de 2%. Isso ajuda muito, principalmente para quem está começando. Por outro lado, o que ouvimos dos empreendedores lá é que a universidade não está tão próxima das startups. Eles estão gerando emprego, mas não conseguem contratar porque não há talentos”, afirma Ribeiro. CONEXÃO IMPULSIONA MERCADO EM ITAJUBÁ A conexão entre os agentes que compõem o ecossistema de inovação em Itajubá pode ser o motivo para a cidade se destacar nos rankings da radiografia, segundo o diretor executivo da ABStartups, Rafael Ribeiro. “A academia apoia todas as iniciativas de empreendedorismo local e coloca o empreendedor no centro do processo. Lá, a tríplice hélice – governo, universidade e empresas – funciona com uma eficiência incrível”, diz. O secretário de Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio de Itajubá, Fernando Bissacot, afirma que a vocação para o empreendedorismo e a inovação está na história da cidade. “Itajubá tem quase 200 anos e uma universidade federal que nasceu inovadora. Foi nessa universidade que foi criada, em 1913, a primeira escola de engenharia elétrica do Brasil”, destaca. Entre os principais projetos em Itajubá se destaca o laboratório de alta tensão do Instituto Senai de Inovação O secretário lembra que um dos pilares para a eficiência em geração de startups de alta performance é a conexão dessas empresas com institutos de inovação. Nesse quesito, ele garante que Itajubá vai muito bem. “Já temos o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), que é um dos mais avançados no hemisfério sul. Além disso, finalizamos a primeira fase do Parque Científico Tecnológico de Itajubá, que fica dentro da Universidade Federal de Itajubá. Também vamos sediar, até 2020, o laboratório de alta tensão do Instituto Senai de Inovação, que vai receber um total de R$ 400 milhões de investimento e será o único da América Latina”, detalha. CORREÇÃO Na matéria “Minas se destaca em ranking de startups” publicada, ontem, na página 11 do caderno de Negócios, está errada a informação de que o município de Itajubá, no Sul de Minas, ocupa o 4º lugar no ranking do índice de densidade de startups, da Radiografia do Ecossitema de Startups Brasileiras. O gráfico foi divulgado com erro à imprensa e a informação correta é que Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ocupa o 4º lugar nesse ranking e Itajubá ocupa o 7º lugar.

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