Modelo de residência sênior abandona pecha de lar para idosos

Classificado como instituição de longa permanência para idosos (ILPI), o modelo de residência sênior aposta em infraestrutura, atendimento baseado na convivência social e equipe multidisciplinar para afastar qualquer lembrança das antigas casas de repouso ou lares para idosos.
Segundo a Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (Abrahct), nos últimos cinco anos, entre os seus associados houve um aumento de 101,6% no número de leitos dedicados a essa modalidade de cuidado. Atualmente, são 2.745 leitos, contra 1.361 existentes em 2018. A motivação para o crescimento desse mercado está diretamente ligada ao aumento constante da população idosa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2022, a população com 65 anos ou mais atingiu a marca de 771 milhões de pessoas, cerca de três vezes mais do que em 1980, e a estimativa é de que até 2030 esse número alcance 994 milhões de pessoas, quase um quinto da população mundial.
O Aquarela Residencial Sênior, instalado na região Centro-Sul, teve a sua primeira unidade aberta em dezembro de 2021, em uma área de mais de 4.000 m², no bairro Santa Lúcia. A casa já se tornou pequena para a procura e vai receber R$ 1 milhão para melhoria da infraestrutura. O empreendimento registrou crescimento de 100% no último ano, 100 colaboradores no total e a expectativa é atingir sua ocupação máxima logo no primeiro trimestre de 2024.
Por isso, a fundadora e diretora de Saúde do Aquarela, Juliana Araújo, já planeja uma segunda casa na mesma região. Ainda em fase de projeto, a nova unidade deve começar a ser construída no meio do ano que vem e ser inaugurada no começo de 2025. A previsão de investimento é de R$ 13 milhões.
“Sempre tive o desejo de fazer algo além do convencional, garantindo melhores condições de vida, segurança e bem-estar para os idosos. Não queria ser mais uma casa adaptada. Estudamos por sete anos para construir esse modelo. O Aquarela tem um conceito de residencial com hotelaria. Valorizamos a natureza, as cores e texturas que proporcionam bem-estar em uma estrutura vertical. O nosso objetivo é sempre melhorar a experiência do idoso e da família aqui dentro”, afirma Juliana Araújo.
A casa foi criada para atender às necessidades de indivíduos com mais de 60 anos que passaram por cirurgias ou internações hospitalares e necessitam de cuidados e acompanhamento especializado. Todos são assistidos por uma equipe multidisciplinar que inclui a presença de enfermeiros em tempo integral.
“Atendemos todos os perfis de idosos – do independente e autônomo até o acamado. Com o primeiro valorizamos a autonomia trabalhando a prevenção de doenças e, para o segundo, proporcionamos qualidade de vida. Hoje temos uma procura maior daqueles que são dependentes funcionais ou cognitivos. Para todos e o tempo todo valorizar a convivência, isso traz alegria e motivação para os hóspedes, suas famílias e também para os nossos colaboradores”, destaca.
O negócio está alinhado a uma nova realidade mundial que vê as necessidades do público idoso crescer exponencialmente. O Brasil, sempre conhecido pela juventude da sua população, já sente os efeitos do achatamento da pirâmide etária. As estatísticas ajudam a explicar, por exemplo, as propostas de franqueamento da marca que já chegaram para a empresária.
“Já recebemos alguns interessados em ser franqueados do Aquarela, mas isso ainda não está no nosso planejamento. Agora estamos focados em fazer o melhor projeto para a segunda unidade. Um ponto fundamental é ter uma equipe qualificada e treinada para esse atendimento tão delicado. Baseamos nossa conduta em três pilares: cuidar de quem é amado, o nosso hóspede; de quem ama, a família do hóspede; e de quem cuida, os nossos colaboradores. Só assim podemos, efetivamente, prestar o melhor serviço possível para os nossos idosos dentro da residência sênior”, destaca a fundadora do Aquarela Residencial Sênior.
Cuidando de idosos há 15 anos, Espaço Bem Viver é pioneiro no conceito de residência sênior na Capital
Pioneiro ao abrir sua primeira unidade na região da Pampulha, em 2008, o Espaço Bem Viver, criado pela fisioterapeuta Andrezza Simões Dantas Vilela, se propõe a ser uma residência sênior de acolhimento e afeto ao idoso, onde se preserva os valores fundamentais de respeito, ética e transparência profissional.
De acordo com a fundadora, o empreendimento, que já tem uma segunda unidade no bairro Cidade Jardim (região Centro-Sul), promove uma atuação participativa da equipe, adaptando-se constantemente para melhor atender às necessidades distintas de cada pessoa idosa, considerando os diferentes graus de envelhecimento e suas limitações.

Para garantir a qualidade do serviço prestado, a fisioterapeuta junto à sua sócia e irmã, Fernanda Simões Dantas, resiste às pressões do mercado e decidiram que uma nova expansão, se acontecer, não deve ser nos próximos anos.
Para ela, o modelo de residência sênior vem crescendo muito pelas necessidades das famílias cada vez menores, por fazerem a gestão de equipes de cuidadores de idosos, de medicamentos e outros cuidados para as famílias a um custo mais baixo, pela segurança que oferecem, entre outros fatores.
“Neste momento não pensamos em expandir. Apesar de ser um nicho interessante, esse é um trabalho que exige muito. Funcionamos 24 horas com muita responsabilidade. Entendemos o nosso propósito e o nosso limite. Tivemos ofertas de novos pontos, mas não vamos nos atropelar. Depois da pandemia vemos muitas pessoas com problemas psicológicos, sem qualidade de vida, por quererem sempre mais. O nosso maior patrimônio é a nossa reputação e precisamos de equilíbrio para oferecer saúde aos outros”, completa a empresária.
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