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Nova crise sanitária reduz os estoques de medicamentos antigripais no Estado

Além da falta de testes para Covid, farmácias já têm dificuldades para recompor estoques de antigripais e xaropes
Nova crise sanitária reduz os estoques de medicamentos antigripais no Estado
Crédito: Arquivo DC

A alta transmissibilidade da variante Ômicron, que tem aumentado substancialmente os casos de Covid-19 Brasil afora, associada ao surto de Influenza que também acomete o País, está impactando não apenas a disponibilidade de testes para a doença, mas também a oferta de medicamentos antigripais. Além da falta de exames RT-PCR e antiviral, drogarias relatam dificuldade para recompor estoques de xaropes, antitérmicos, analgésicos e, até, antibióticos.

Diante do movimento, os preços desses remédios também estão subindo e, em alguns casos, o reajuste já chega a 100%. Integrantes do setor falam em abuso por parte de distribuidoras e também citam menor produção por parte da indústria farmacêutica, em função das típicas férias coletivas que ocorrem entre o fim de dezembro e o início de janeiro.

Procurada, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) disse que não tem informações sobre venda ou falta de medicamentos e que até o momento não recebeu nenhuma notificação a respeito.

A Drogaria Araujo – uma das maiores redes do Estado – relatou aumento de 370% na busca por remédios para gripe entre janeiro do ano passado e este exercício. Conforme a empresa, o problema atinge as mais de 300 lojas distribuídas entre mais de 45 cidades de Minas Gerais, uma vez que os fornecedores estão com dificuldade de entrega em todo o mercado nacional.

Sobre os testes de Covid-19, a rede informou que a procura vem registrando aumento considerável desde a segunda quinzena de dezembro e que, neste mês, a demanda cresceu diária e consideravelmente, chegando a 600% em relação ao mesmo período do mês anterior. Já no comparativo entre a primeira e a segunda semana de janeiro, cresceu 44%. O volume de exames reagentes nesta primeira quinzena de 2022 também sofreu aumento de 500% em relação à segunda quinzena de dezembro de 2021.

A gerente de uma outra grande rede com lojas em Belo Horizonte e interior do Estado, que pediu para não ser identificada, falou que faltam xaropes, antitérmicos, analgésicos e até antibióticos e que muitos fornecedores não possuem previsão de reposição. “Nem os mais básicos estão chegando”, relatou.

Por meio de nota, a RD-Raia Drogasil disse que desde o início de dezembro a demanda por produtos de combate aos sintomas de gripe cresceu muito, em todo o País, chegando a triplicar em alguns casos no comparativo com o desempenho observado nos últimos 90 dias. E que quando comparados os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022, o cenário é de estabilidade.

“Apesar da alta demanda, as lojas da RD-Raia Drogasil têm conseguido atender às necessidades dos clientes. A rede está atuando na reposição dos estoques para o abastecimento de suas lojas ainda na primeira quinzena de janeiro”, informou.

Sobem os preços de medicamentos antigripais

O proprietário da Drogaria Viva Popular, com unidades no bairro Céu Azul, região de Venda Nova, e Jardim Laguna, em Contagem (RMBH), Vivaldo Rodrigues, confirmou a alta procura por testes, medicamentos e itens de proteção ao vírus, como luvas, máscaras e álcool em gel. Segundo ele, o xarope é o principal item com dificuldade de reposição no momento.

“Meu setor de compras é responsável por prever esses cenários e estamos bem abastecidos com os remédios de maior giro. No entanto, os testes acabaram e não estamos conseguindo repor e os medicamentos com alta procura sofreram reajustes de até 100% por parte das distribuidoras“, explicou.

Especificamente sobre o aumento de preços, Rodrigues lembrou que isso historicamente ocorre no setor: as revendedoras represam produtos que já estão com alta demanda no mercado e, dias depois, reajustam os preços. “As empresas aproveitam da lei de oferta e demanda para fazer aumentos abusivos, uma vez que o reajuste não tem regulamentação. E nós, farmácias, acabamos tendo que repassar. Não dá para segurar os preços”, admitiu.

Outro ponto que, somado ao aumento da procura, pode estar causando a falta de alguns medicamentos, conforme o empresário, são as férias coletivas concedidas nas indústrias farmacêuticas, levando a uma menor produção de medicamentos.

A farmacêutica de uma multinacional com operação na Zona da Mata mineira, que pediu para não ser identificada, confirmou o menor número de funcionários entre as últimas semanas de dezembro e o início de janeiro. “A produção estava parada desde dia 22 de dezembro e foi retomada essa semana. Mas o painel de produção de medicamentos não sofreu grandes alterações”, disse.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) informou que o fluxo está dentro do previsto e que até o momento não recebeu nenhum relato de problemas de produção, distribuição ou alterações nos esquemas de trabalho e de férias coletivas de indústrias farmacêuticas que atuam no segmento de medicamentos para o tratamento de gripe. E que dispõe de dados de vendas apenas até o mês de novembro de 2021, que “não captam o eventual aumento de demanda desses produtos pelo varejo farmacêutico e pelos consumidores, que se deu a partir de dezembro”.

Protocolos de isolamento sofrem alterações no País

Os pacientes com caso leve ou moderado de Covid-19 seguirão agora novos protocolos de isolamento, adotados esta semana pelo Ministério da Saúde. Manter a pessoa infectada fora do convívio da sociedade é uma medida adotada desde o início da pandemia que segue pesquisas sobre o tempo que o paciente pode transmitir a doença.

Pelas novas recomendações do ministério, foram previstos três intervalos diferentes para o isolamento dos infectados. Os tempos passam a contar do início dos sintomas, e não da obtenção do resultado do exame positivo.

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