Mineira Bricoffe transforma resíduos do café em energia limpa
Em um cenário em que a sustentabilidade e a busca por alternativas energéticas se tornaram cada vez mais necessárias, a Bricoffe, com sede em Varginha, no Sul de Minas Gerais, surgiu como alternativa. A empresa transforma resíduos do café, como borra, película e casca, em pellets de biomassa para queima, oferecendo uma solução ambientalmente consciente e economicicamente vantajosa para diversas indústrias. O produto de alta qualidade tem atendido bem o mercado e a expectativa é de aumentar a produção já em 2026.
Conforme o fundador da Bricoffe, Luiz Fernando Zolet, a empresa surgiu frente a uma busca por um novo trabalho. Zolet explica que, ao recolher o lixo de uma vizinha que havia sido revirado por um cachorro, ele deixou para trás um filtro de café com a borra, que estava úmido. Vários dias depois, reparou que a borra havia secado e passou a pensar se havia alguma forma de aproveitar o produto. Então, por conta própria, passou a desenvolver vários estudos, incluindo a caracterização do produto em laboratório.
“Através da caracterização, identifiquei que a borra do café continha potássio, óleo e várias outras coisas, e a alternativa mais viável que eu encontrei foi fazer a biomassa. Então, entrei no Bioparque, localizado no Paraná, onde eu morava, e nesse ecossistema de inovação fiquei incubado como startup por seis meses. Durante esse período, recebi verba do Estado para desenvolver o projeto dentro do Senai por um ano. Depois de muitos estudos, eu consegui desenvolver e patentear o produto”.
A produção dos pellets de biomassa do café começou no final de 2020 em uma fábrica arrendada no Paraná. O volume médio girava entre 200 e 300 quilos por hora , e havia demanda do mercado. Porém, devido à escassez de matéria-prima no Paraná, Zolet decidiu mudar para Minas Gerais, onde há uma oferta elevada de matéria-prima. Com a nova unidade em Varginha, a produção cresceu e, hoje, gira em torno de uma tonelada por hora, gerando entre 10 e 12 toneladas de pellets por dia.

“A demanda é tão alta que toda a nossa produção é vendida. Por isso, planejo dobrar a capacidade para duas toneladas por hora, visando alcançar 20 a 24 toneladas diárias”.
A expectativa é investir de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões na ampliação, que deve acontecer entre abril e maio de 2026. Com o aumento da capacidade, a Bricoffe terá de 600 a 800 toneladas de matéria-prima disponível por mês, superando os atuais pré-contratos de 400 toneladas.
O mercado para o produto é amplo, atendendo a diversos segmentos que necessitam de aquecimento, incluindo granjas aviárias e indústrias de biscoitos, macarrão e químicas, entre outros. Os pellets de biomassa são chamados de lenhas ecológicas, pois são queimados em substituição à lenha e utilizados para aquecimento de caldeiras e geração de vapor.
Outras vantagens são os preços mais competitivos em relação à madeira, além de ser uma alternativa mais sustentável. O produto também tem um poder calorífico superior, com 5.100 kcal, contra 4.600 kcal da madeira. “Isso representa uma economia de 20 a 25% para os clientes, tanto no custo quanto no tempo de queima, já que o pellet Bricoffe demora mais para queimar”.
Além de atender à demanda das indústrias que podem substituir a madeira pelos pellets, a Bricoffe também é uma alternativa para as indústrias que processam o café, utilizando o resíduo gerado com a fabricação.
“A produção dos pellets permite resolver um problema ambiental para as indústrias, transformando um passivo ambiental em um coproduto valioso. Além disso, em vez de as empresas pagarem para destinar seus resíduos, a Bricoffe paga por eles, valorizando o que antes era descartado”.
Quanto ao faturamento, ele cresce de forma gradativa e fica próximo a R$ 180 mil a R$ 200 mil por mês. Embora venda para todo o País, 90% das negociações da Bricoffe acontecem no Sul de Minas.
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