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Profissionais rejeitam volta ao trabalho presencial, diz pesquisa

Estudo global Talent Trends, da Michael Page mostra que parcela é de 60% atualmente
Profissionais rejeitam volta ao trabalho presencial, diz pesquisa
Foto: Adobestock

As empresas que pretendem que seus funcionários ampliem os dias trabalhados no modelo presencial correm o risco de perdê-los em breve. É o que aponta o estudo global Talent Trends, da Michael Page, uma das maiores consultorias especializadas em recrutamento de executivos. De acordo com a pesquisa, 60% dos profissionais brasileiros procurariam um novo emprego se fossem obrigados a aumentar a presença no escritório. Os indicadores do Brasil superam as médias global e da América Latina (58%) e as de países como México (53%), Peru (54%) e Panamá (50%), mas ficam abaixo das médias da Argentina (67%), Chile e Colômbia, ambos com 61%.

“Aceitar uma promoção já não é, necessariamente, sinônimo de avanço na carreira. Quando os profissionais percebem que o novo cargo pode comprometer sua saúde mental ou sua rotina pessoal, o bem-estar prevalece. Essa mudança de mentalidade exige que as empresas revisem o conceito de progresso profissional e construam planos de carreira que considerem múltiplas formas de sucesso. Quem entender isso mais rápido sairá na frente na corrida por talentos”, afirma o diretor executivo da Michael Page, Lucas Toledo.

Os dados fazem parte da pesquisa global Talent Trends 2025, um dos estudos mais abrangentes sobre profissionais e o mercado de trabalho, realizado em novembro e dezembro de 2024, em 36 países. O levantamento contou com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, que atuam em empresas de diferentes segmentos e portes. O objetivo é alinhar as diferentes expectativas de profissionais (salários competitivos, flexibilidade e aspectos da cultura organizacional) e empresas (que sofrem pressões externas de um mercado de trabalho dinâmico).

Descompasso nas percepções de produtividade

Quando questionados sobre em qual ambiente se sentem mais produtivos, 41% dos funcionários informaram render melhor trabalhando em casa, mas apenas 19% das empresas concordaram com essa afirmação. Já os que preferem realizar suas atividades no escritório somaram 21%, e os que acreditam ser igualmente produtivos tanto na empresa quanto em casa, 38%.

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“As visões antagônicas de funcionários e empresas sobre a eficácia do trabalho híbrido podem colocar em risco pilares fundamentais como confiança, transparência e parceria. Para as empresas que adotam o modelo híbrido, encontrar um consenso sobre o que significa produtividade no trabalho remoto pode ser a chave para reduzir essa lacuna de confiança. Produtividade não se resume apenas a entregas. O que é mais produtivo: uma conversa informal durante a pausa para o café ou um dia inteiro de reuniões virtuais? O que distrai mais: um escritório movimentado ou as constantes interrupções de entregadores em casa? A resposta varia de pessoa para pessoa, de função para função”, diz Toledo, da Michael Page.

Maioria dos funcionários não abre mão da qualidade de vida

O levantamento também revelou que a maioria dos profissionais brasileiros recusaria uma promoção no trabalho para preservar o bem-estar. De acordo com a pesquisa, 60% dos respondentes não aceitariam um novo cargo ou desafio que colocasse a qualidade de vida em risco. Os indicadores do Brasil superam as médias global (48%) e da América Latina (43%).

“O equilíbrio entre vida pessoal e profissional deixou de ser um diferencial para tornar-se uma expectativa básica. Quando os profissionais percebem que o novo cargo pode comprometer sua saúde mental ou sua rotina pessoal, o bem-estar prevalece. Essa mudança de mentalidade exige que as empresas revisem o conceito de progresso profissional e construam planos de carreira que considerem múltiplas formas de sucesso. Especialmente em setores onde profissionais qualificados seguem em alta demanda, o poder de escolha está nas mãos deles”, conclui Toledo.

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