Protocolo para retorno prejudica buffets

Há uma semana, quando a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou a liberação dos eventos sociais na cidade, parecia, enfim, que o setor voltaria a funcionar após ficar quase um ano e meio de portas fechadas. Mas não foi o que aconteceu.
Pelo menos para os donos de buffets de festas infantis. Eles argumentam que as informações estão desencontradas e que as medidas trazidas no protocolo de funcionamento das casas são incoerentes e exorbitantes – inviabilizando a realização de qualquer festa e, consequentemente, incentivando os eventos clandestinos.
Ao anunciar a nova flexibilização na semana passada, o presidente da Belotur, Gilberto Castro, e o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, afirmaram que a realização de festas e eventos sociais na capital mineira dependeria de uma série de condições, entre as quais, estariam a vacinação e/ou testagem de todos os convidados e que esta testagem poderia ser comprovada pelo teste PCR ou pelo teste rápido.
Porém, a publicação do protocolo, ocorrida no sábado (3) veio diferente e diz, entre outras coisas, que “a organização deverá impedir a entrada de pessoas sem a apresentação de resultado negativo para a Covid-19 em teste do tipo PCR realizado até setenta e duas horas antes do evento, inclusive funcionários e demais pessoas que forem trabalhar no evento, exceto pessoas que comprovem a vacinação completa a mais de quatorze dias antes do evento”.
“Isso inviabiliza a realização de qualquer evento, por menor que seja. Quando foi dito que poderia ser o teste rápido, ainda consideramos viável, já que conseguimos por R$ 20 ou R$ 15 a depender da quantidade. Mas um PCR, que sai em média a R$ 140, um evento para 30 pessoas, já eleva o custo para R$ 4.200. O cliente não quer pagar e a conta fica inviável pro buffet“, argumenta a diretora do Grupo Festejar, que conta com quatro buffets infantis em Belo Horizonte (Faz de Conta, Be Happy, Parabéns e Home Fest), Luciana Santos, e que integra um grupo de empresários do setor que, desde o início da pandemia, se mobiliza em vistas ao retorno das atividades.
Procurada, a PBH informou por meio de nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde, que a definição dos protocolos para a retomada do setor de eventos foi feita com base nos índices epidemiológicos da Capital e visando à segurança da população. Sobre a validade apenas dos testes tipo PCR, completou que o que vale é o que está no protocolo publicado no site do Executivo municipal e que algumas mudanças foram realizadas após a coletiva de imprensa realizada no último dia 1º. E não respondeu quanto à possibilidade de revisão do mesmo por parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19.
Luciana Santos complementou que algumas exigências colocadas para o funcionamento das casas de festas e eventos são inviáveis e não foram impostas a atividades semelhantes como parques de diversões e restaurantes, por exemplo. Ela citou o uso obrigatório de face shield por garçons e o fato de os monitores não poderem ter contato com as crianças e os pais terem de ficar sentados durante toda a festa.
“A gente vibrou com a liberação na semana passada, mas do jeito que foi feita, não resolve. É tanta inconsistência e burocracia que vai acarretar em aumento das festas clandestinas. Eu, por exemplo, estou há dias tentando negociar com uma cliente, que não aceita pagar pelos testes dos convidados e disse que prefere fazer o evento para 30 pessoas na casa dela”, revelou.
Vereadores buscam alternativas para buffets
Alguns vereadores já começaram a endossar o pleito do setor. O vereador professor Juliano Lopes (Agir) criticou o protocolo em plenário, alegando que da maneira como foi estabelecido, “era melhor não ter liberado o setor” e que os realizadores de pequenos eventos da cidade foram desrespeitados e enganados.
“O protocolo exige testagem ou imunização e, mesmo assim, impõe o distanciamento. Esse decreto é inacreditável. Quem vai pagar essa conta? Depois de um ano e quatro meses, os pequenos eventos como casamento, festas de aniversário, 15 anos ou festas infantis foram novamente enganados. Liberaram eventos de até 600 pessoas, mas para os pequenos impuseram uma série de condições. Liberou, mas não atendeu“, frisou.
De maneira complementar, o vereador Léo Burguês (PSL) declarou que participou da elaboração dos protocolos e que ainda há muito o que se percorrer. Ele disse que o setor perdeu centenas de empresas e milhares de empregos em função da pandemia e que a liberação do funcionamento é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada, que inclui ainda a diminuição da burocracia e a eliminação de impostos em vistas ao incentivo ao setor.
Sobre o impasse da retomada, Léo Burguês afirmou que vai trabalhar para que outros testes, como o teste rápido, possam ser utilizados nos eventos sociais. Além disso, ele argumentou que entende que diante da testagem dos convidados, não seria necessário a imposição do distanciamento social e atrativos como a pista de dança, poderiam ser liberados.
“Eu gostaria de isonomia no tratamento e vou levar isso aos epidemiologistas, buscando a viabilidade para os eventos sociais da cidade. Vejo, por outro lado, que da mesma forma como ocorrerá com eventos para até 400 pessoas com comida e bebida, uma vez mantidos todos os protocolos, com 4 pessoas por mesa, usando máscara e álcool, o teste não seria necessário”, completou.
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