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Startup desenvolve aparelho de escaneamento

Equipamento da mineira Healthful Technology será portátil e promete democratizar o acesso ao serviço
Startup desenvolve aparelho de escaneamento
Exemplo de scanner intraoral | Crédito: Adobe Stock

A Healthful Technology, startup mineira fundada e liderada por uma mulher, a dentista Graciene Vieira, pretende democratizar o acesso à odontologia digital no Brasil, trazendo uma série de benefícios tanto para os profissionais quanto para os pacientes.

Para isso, está desenvolvendo um aparelho de escaneamento bucal portátil e operado por um aplicativo via smartphone, com um custo mais baixo em relação aos modelos que estão disponíveis no mercado.

O produto, ao ser introduzido na boca do paciente, reproduzirá a sua arcada dentária no celular do dentista, facilitando o fluxo posterior do serviço odontológico. A partir do molde digital, o profissional poderá utilizar softwares abertos de terceiros para realizar o planejamento e a modelagem de implantes, próteses, aparelhos dentários, entre outros. Na sequência, ele será capaz ainda de exportar o arquivo para impressoras 3D ou fresadoras para confecção dos trabalhos.

Graciene Vieira explica que atualmente existem scanners intraorais similares à venda, no entanto, o equipamento mais barato está na casa dos R$ 70 mil, podendo chegar até aos R$ 200 mil. Já o Thed Scan, em desenvolvimento pela startup, custará algo em torno de R$ 25 mil. A empresa também estuda implementar posteriormente um modelo de assinatura mensal para os clientes.

Ela também ressalta que os escaneadores bucais existentes hoje não são conectados a smartphones e sim, a notebooks, cujas configurações devem ser potentes, portanto, computadores mais caros. Logo, o investimento do odontologista deverá ser ainda maior caso queira dispor dessa tecnologia nos consultórios, o que inviabiliza a aquisição para boa parte dos profissionais.

Graciene Vieira estima lançar o aparelho no próximo ano | Crédito: Healthful Technology

Mercado global e vantagens

Ainda segundo a empresária, apenas 5% dos dentistas brasileiros possuem scanners intraorais e se veem obrigados a usar o método tradicional de moldagem, com materiais borrachoides, que podem trazer desconfortos aos pacientes, além de danos ambientais, por demorarem a se decompor. Entretanto, estima-se que, entre 2021 e 2030, o mercado global do produto tecnológico deverá crescer 15,9% e alcançar US$ 4,8 milhões, conforme relatório da Allied Market Research.

“É um produto mais ágil, mais preciso e muito mais eficiente. Sem contar toda a questão social, pois com ele consegue-se obter uma massa de dados que pode servir para a gestão e promoção de saúde bucal. Isso porque você consegue ter digitalmente a arcada dentária de vários pacientes. No modelo tradicional esses moldes podem se perder, e ainda é necessário ter um grande espaço no consultório para armazená-los, enquanto o nosso será apenas um arquivo digital”, destacou.

A expectativa de Graciene Vieira e de seus dois sócios é poder disponibilizar o Thed Scan para comercialização no segundo semestre de 2024, após finalizarem a fase de construção do hardware e obterem todos os registros dos órgãos regulatórios. O aplicativo e o algoritmo de reconstrução 3D já foram construídos. Conforme ela, a startup, inclusive, mantém contato com algumas empresas que demonstraram interesse no produto e futuras parcerias podem surgir.

Empreendedoras tech e edital da Fapemig

O scanner intraoral da Healthful Technology foi um dos vencedores do programa Empreendedoras tech, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) em conjunto com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap). A empresa mineira, assim como a Ritualiza, de Santa Catarina, e a Orby, do Rio Grande do Norte, vão receber R$ 50 mil cada por iniciativas tecnológicas e inovadoras lideradas por mulheres.

Conforme a empreendedora, o dinheiro da conquista será de suma importância para que o produto possa ser finalizado. Isso porque a startup foi selecionada em um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que aportará R$ 140 mil no desenvolvimento do projeto. Para isso, porém, era necessária uma contrapartida de R$ 60 mil da empresa.

“Estávamos tentando internamente, mas tivemos algumas dificuldades e um dos sócios não conseguiria aportar. Então esse valor vai ser utilizado como contrapartida da empresa para esse edital e caiu perfeitamente dentro desse desafio que tínhamos para conseguir o recurso”, disse.

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