Startup mineira é adquirida por norte-americana DataStax e empresa investirá R$ 100 milhões no Brasil

A startup Logspace, sediada em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e criadora do Langflow, uma ferramenta low-code (código aberto) para desenvolvimento de aplicativos em inteligência artificial (IA) como os chatbots, acaba de ser comprada pela DataStax, empresa norte-americana especializada em soluções de banco de dados como o Astra DB.
Com a aquisição, a empresa dos Estados Unidos (EUA) pretende investir cerca de R$ 100 milhões nos próximos cinco anos no Brasil em pesquisa e desenvolvimento no setor de IA.
A aquisição, estimada em US$ 20 milhões, faz da Logspace a nova subsidiária da DataStax. A ampliação pretende acelerar o desenvolvimento de novas ferramentas para o mercado global, impulsionando a adoção da IA generativa em diversas indústrias.
Atualmente com dez colaboradores, a Logspace, que passará a se chamar Langflow, tem expectativas de dobrar o número de colaboradores até o final deste ano com os investimentos e ampliar, nos próximos anos, o quadro de empregados de acordo com o desenvolvimento e as necessidades.
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Langflow conquistou comunidade de desenvolvedores
Criada em 2022 pelos empresários Rodrigo Nader e Gabriel Almeida, eles perceberam que o tema ganhava força e seria uma tendência mundial e criaram uma ferramenta que facilita o desenvolvimento de aplicativos que usam sistemas de inteligência artificial.
“A nossa ferramenta atende muito mais a comunidade de desenvolvedores do que o consumidor final e temos um reconhecimento importante que atraiu não só a DataStax como outras empresas”, explica Rodrigo Nader, CEO da empresa.
Lançada um ano após a criação da empresa, a ferramenta Langflow já atraiu cerca de 20 mil desenvolvedores no Github (plataforma de hospedagem de código-fonte), especialmente dos EUA, com destaque para toda a região do Vale do Silício; além de Alemanha, Índia, entre outros.
Para Rodrigo Nader, a maior conquista da aquisição é ter sido uma transação diferente das tradicionais. Ele explica que a empresa não passou por nenhuma rodada de investimentos, o que normalmente acontece com as startups que começam com recursos próprios dos fundadores.
“Normalmente, elas recebem investimentos de alguma rodada de negócios, de um investidor anjo e nós fomos direto. O que é muito raro de acontecer, sobretudo, fora de São Francisco (EUA)”, comenta Nader.
Antes de fundar a Logspace, Rodrigo Nader e Gabriel Almeida já haviam trabalhado juntos em desafios de ciência de dados. Com capital próprio, lançaram a Langflow, uma das primeiras ferramentas open source de low code para a criação de aplicativos de IA generativa, em 2023.
O fato de a solução ser baseada em Python, linguagem de programação popular para aplicações em ciência de dados e machine learning, fez com que a plataforma rapidamente conquistasse ampla adoção da comunidade.
Negociação de startup virou inspiração para iniciantes
Gabriel Almeida diz que este resultado tem gerado feedbacks positivos de desenvolvedores que passaram a tê-los como referência.
“Viramos um exemplo especial. Estamos inspirando as startups e a comunidade de desenvolvedores. A aquisição da nossa empresa pela empresa americana deu uma esperança importante para eles, sobretudo, aqui no Brasil”, comenta Almeida.
Rodrigo Nader ressalta que a característica de serem uma empresa que oferece um código aberto e gratuito agrega valor.
“As pessoas não entendem e não acreditam no nosso propósito. As empresas de tecnologia têm uma espécie de cultura paralela. A comunidade já conhece a gente, já usam nossas ferramentas e estamos ativamente contribuindo. Se a gente parar de contribuir por um mês e outras pessoas nos copiarem e começarem a fazer, eles ganham. Mas neste momento, a roda está girando e o valor desse mecanismo é o que mais pesa”, resume.
Segundo Nader, o sucesso da ferramenta mostra para onde o mercado está caminhando: “O maior competidor das empresas que estão fazendo sucesso não são outras grandes empresas, são as comunidades de código aberto. Ela está muito forte e revolucionando muitas coisas”.
Gabriel Almeida acrescenta dizendo que a comunidade de código aberto é forte e cresce a cada dia. “Todos os dias um desenvolvedor usa algo do código aberto em algum momento. É um compartilhamento de conhecimento e de know-how. Porque fizeram por nós, estamos fazendo por eles”, finalizou Almeida.
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