Startup mineira quer profissionalizar a gestão de padarias

Conquistar um negócio saudável, que lucre e que proporcione liberdade para o proprietário. Essa é a tríade que fomenta o hub especializado em gestão de padarias e confeitarias, o Vida de Padaria, criado pelo empresário Pedro Cotta, sócio-proprietário de quatro das oito unidades da rede Araújo Padarias.
De forma totalmente digital, a startup mineira, que tem como principal objetivo criar uma plataforma que atenda às diversas necessidades do segmento de padarias, foi criada a partir de um projeto pessoal e de uma dor do empresário. Ele, como empreendedor do ramo, já compartilhava pelo Instagram o dia a dia de empresário do setor no perfil. “Dali, as pessoas começaram a me procurar para entender como eu conseguia gerenciar um negócio que funciona de domingo a domingo, 24h por dia e não ser escravo do próprio negócio”, comenta.
Ele conta que quando entrou no ramo sentiu um mercado muito fechado, amador e até abandonado. Daí surgiu a startup mineira. Lançada este ano, tem como principal objetivo ser uma plataforma que atenda às diversas necessidades do ramo. Além de soluções de gestão, a startup fornece suporte e venda de maquinários, consultorias e mentorias para aprimorar os aspectos operacionais e estratégicos de unidades comerciais do setor.
Embora o foco inicial seja em padarias e confeitarias, o Vida de Padaria reconhece as mudanças dos hábitos de consumo. Hoje, padarias abraçam diferentes nichos do mercado gastronômico, incluindo pizzarias, restaurantes, cafeterias, comida japonesa, lanchonetes, entre outros. Diante dessa nova realidade, a plataforma está estruturada para atender a essa diversidade, fornecendo uma base de gestão comum a todos esses empreendimentos. O idealizador do projeto, o também consultor de negócios Pedro Cotta, explica que “o objetivo é criar um ecossistema de soluções para o segmento de padarias. Em um mesmo hub, uma padaria poderá encontrar soluções de gestão, de maquinários e apoio ao negócio”, disse.
Ele comenta que não necessariamente o empreendedor que sabe fazer um bom pão, sabe administrar bem um negócio. ”E por trabalhar com um universo gastronômico cada vez mais amplo, esse administrador tem que aprender e diversificar cada vez mais seus conhecimentos. E são esses conhecimentos que a gente quer oferecer”, diz.
A médio prazo, o Vida de Padaria pretende se tornar uma universidade e oferecer cursos nas mais diversas áreas para que o empresário se qualifique, cada vez mais, para encarar o complexo setor da panificação.
Com uma expectativa de crescimento do mercado de padarias no Brasil, a startup aproveita a onda otimista do setor para crescer junto. Em todo o País, são mais de 80 mil padarias, que faturam uma média de R$ 11,7 bilhões por mês, conforme a Associação Brasileira da Indústria da Panificação (Abip). Em Minas Gerais, estão 13,25% delas. O Estado perde apenas para São Paulo, que abriga mais de 20 mil unidades.
Um mercado considerado promissor. Sem os dados de 2023 consolidados ainda, a expectativa da associação é que o segmento tenha fechado o ano passado com 9% de aumento, com perspectivas de crescimento para 2024.
“Estamos vendo um aumento da alimentação fora do lar, dessa forma, as padarias são impactadas positivamente. Porém, o impacto positivo virá para aqueles que não estiverem no amadorismo, que tenha um bom serviço e um mix de produtos atraente para oferecer”, diz Pedro.

Falta de profissionalização do setor inspirou idealizador
Na opinião do criador da startup, a falta profissionalização e modernização é um ponto-chave do setor, entretanto, pondera que digitalizar, por exemplo, todo o negócio pode não ser o ideal. “Por isso, criamos soluções personalizadas para o tipo de mão de obra que temos. Se você digitaliza demais, às vezes, pode criar ruídos entre o colaborador e a tecnologia, prejudicando o bom funcionamento do processo”, comenta.
Sendo assim, ele explica que se o funcionário souber operar um mouse e um teclado, ele consegue trabalhar nas ferramentas que criaram. “Não adianta informatizar 100%. É preciso criar soluções que as pessoas consigam usar”, ressalta Cotta.
Mentorias contribuem com a qualificação dos empresários
Diversos cursos e mentorias serão oferecidos na plataforma. A expectativa é de que no ano de 2024, 150 estabelecimentos comerciais sejam atendidos pela startup. Em 2025, projetam alcançar 500.
Para o lançamento da plataforma, foram oferecidos dois cursos: ‘Padaria de sucesso’ e ‘Precificação de padarias’. O primeiro é um programa desenvolvido para ajudar empreendedores a organizar e evoluir o negócio, visando focar em lucros e resultados, além de tirar o dono da operação da padaria. “O objetivo principal desse curso é ajudar o dono de padaria a ter um negócio lucrativo, sustentável e, ao mesmo tempo, ter liberdade do negócio. Eu tinha medo de me tornar refém do meu negócio. Por isso, fui criando soluções para que isso não acontecesse”, diz Cotta.
Para o curso “Precificação de padarias”, todas as vagas já estão preenchidas e há ‘alunos’ de outros estados brasileiros. Nesse curso, Cotta explica como precificar corretamente e oferece uma ferramenta que contribui para o empreendedor organizar seus preços.
As unidades da Araújo Padarias são o grande laboratório das soluções e processos que ele cria. “Minhas padarias possuem um portfólio de 300 produtos próprios, como vou lembrar de cabeça qual produto leva leite, por exemplo, em caso deste insumo sofrer aumento?”, exemplifica. O software que ele usa e oferece consegue mapear os ingredientes e sugerir preços de forma sistemática.
Além de soluções de gestão, a plataforma fornece também outros tipos de serviços. Como o suporte a maquinários e consultorias para aprimorar os aspectos operacionais e estratégicos dessas empresas. “A gente pode operar como um corretor de padarias, anunciando e avaliando futuros negócios, como auxiliar na compra e venda de equipamentos”, comenta.
Segundo o empresário, é comum ele ser procurado por empresários querendo desistir do setor. “Mas quando você avalia, o problema não está no negócio e sim na gestão”, comenta Paulo Cotta, que já atuou como consultor por mais de 10 anos.
“O segmento de padaria tem muito amadorismo ainda, tem muita coisa no papel, muita receita na cabeça dos funcionários. A dor da falta de profissionalização é uma das que queremos ajudar a resolver”, comenta Cotta.
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