Tecnologia e design são tendência do setor de móveis planejados

Com um mercado imobiliário aquecido e expectativas de bons resultados para o segundo semestre de 2023 na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tendência que ecoa também em todo o Brasil, quem acompanha o “boom” deste crescimento são as marcenarias e o segmento de móveis planejados. Números do Sebrae Minas, baseados em dados da Receita Federal, revelam que até outubro de 2023, o número de marcenarias ativas no Estado chegou a 15.979, valor 4,8% maior que todo o ano de 2022, quando 15.237 funcionavam ao final dos 12 meses.
O crescimento em três anos é ainda maior e chega a 30%. Em 2020, 12.155 estavam ativas, 3.824 unidades a menos que agora. Para Flávia Thomopoulos, design de interiores e proprietária da Casa Encantada – Ambientes e Decoração, a alta da procura pelos móveis planejados é em função das características dos apartamentos hoje em dia. “A gente percebe que as áreas íntimas dos apartamentos estão cada vez menores, demandando o imóvel planejado para que se tenha um aproveitamento melhor do espaço”, diz a decoradora.
Ela comenta que a procura neste ano está 30% maior em relação ao ano passado e espera que ano que vem melhore ainda mais. “A gente acompanha o setor imobiliário, eles estando em ascensão a gente também está”, diz.
Com 19 anos de mercado, ela preza pela qualidade e bom atendimento e conta que o maior desafio é a desconfiança do cliente. “O cliente leigo é hoje nosso maior desafio. Às vezes ele não aprova o orçamento porque encontrou valores 20%/30% menores. Mas qual é o material? Ele cumpre prazo? O projeto fica do jeito que a pessoa imaginou?”, pondera. Ela conta que por muitas vezes assume parte de projetos inacabados ou abandonados por outros orçamentos mais baratos e alerta que é importante a indicação. “Nosso trabalho depende muito dessas referências. Tenho clientes que trabalhamos com a família toda, porque valorizam qualidade e competência”, diz.
O sócio-proprietário da Primor Móveis BH, Igor Magalhães Ruela, também preza pela qualidade do serviço. “Sempre focamos na execução de trabalhos com excelência, cumprindo prazos, oferecendo qualidade no acabamento e assistência quando necessário”, comenta. Ele aponta a mão de obra qualificada como o principal desafio do setor. “Encontrar trabalhadores qualificados e comprometidos tem sido um desafio para nós”, diz Ruela. Entretanto, diz estar satisfeito com a demanda e que a produção não fica ociosa.
Ele atribui à pandemia e aos novos hábitos parte do crescimento do setor. “Desde o início da pandemia, nunca se trabalhou tanto em marcenaria. As pessoas estão se adaptando a outras rotinas, home office, desfrutar melhor os próprios ambientes. Então, começam a perceber a necessidade de melhorias em casa. Isso acaba impactando no aumento da nossa demanda”, revela. Para o ano que vem, Igor Ruela espera um crescimento de 30% e conta com a nova sede da empresa e o melhor atendimento aos clientes como fatores importantes para contribuir com o crescimento.
Diferentemente de Flávia Thomopoulos, que acredita que não há um período “top” para o negócio, Igor Ruela afirma que o final do ano é sempre mais promissor. “As pessoas sempre vêm com aquele pedido: queria que ficasse pronto antes do Natal para receber os familiares”, comenta. Mas assim como Flávia Thomopoulos, ele garante que prazo, qualidade, acabamento, assistência e bom atendimento são fundamentais para o sucesso do negócio.
Desafios também passam pela gestão financeira
Igor Ruela também ressalta que acompanhar os preços da matéria-prima é outro grande desafio do negócio. Mas acredita que monitorar o mercado e estabelecer parcerias estratégicas com bons fornecedores são fatores que contribuem para minimizar esses desafios. Ele lembra ainda da importância de trabalhar bem o marketing e a presença on-line.
O sócio-proprietário da Primor Móveis BH também pontuou a importância da gestão financeira. “Monitorar custos, fluxo de caixa e realizar projeções financeiras ajuda a evitar problemas futuros”, comenta. Ele aponta que as marcenarias em geral têm uma movimentação de caixa muito grande e que nem sempre aquele dinheiro que está lá é do gestor. “Tem os impostos, os custos de materiais, operacionais fixos e variáveis. É preciso estar atento”, diz.
Junção com tecnologia é tendência
No setor de marcenaria, os empresários têm observado uma tendência: integrar a tecnologia aos móveis da casa. Isso pode incluir sistemas de carregamento sem fio, iluminação de LED incorporada e móveis conectados a dispositivos inteligentes para automação residencial.
O gestor da Primor explica que os clientes estão buscando móveis que sejam tanto esteticamente atraentes quanto funcionais. “Posso dizer que, de certo modo, a estética minimalista, os designs modernos e cleans, devem continuar mais populares. Móveis simples, linhas retas e paletas de cores neutras também devem pontuar como os preferidos”, comenta.
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