Tecnologias maximizarão o ser humano

Com o objetivo de disseminar o conhecimento, alimentar as discussões e provocar reflexões que possam ajudar a área de desenvolvimento humano a evoluir cada vez mais, a Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG) realizou, ontem, o Fórum ABRH.
Com o tema “O Futuro é Humano”, profissionais renomados discutiram os mais diversos e importantes assuntos que irão pautar o setor de recursos humanos.
De acordo com o presidente da ABRH-MG, Leandro de Souza Pinho, o evento reuniu uma diversidade de palestrantes, profissionais renomados e multidisciplinares que provocaram reflexões. Durante o evento foram abordados assuntos relevantes como a inovação, gestão de pessoas, novas tecnologias, liderança e as tendências para o futuro. A anexação do mundo humano e o mundo digital também fez parte do evento.
“O Fórum é uma oportunidade de troca de conhecimento, de entendimento de um novo momento. A partir das discussões e experiência de uma série de pessoas renomadas, esperamos que possamos, juntos, construir e perceber esse novo futuro, que é humano. Espero, com o Fórum, aplicar, de alguma forma, na nossa vida, nas empresas que representamos, em especial, alguma melhoria, alguma transformação para as pessoas. Nosso foco são as pessoas e, olhar com cuidado é nosso propósito”.
A presidente do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil, Eliane Ramos, ressaltou que o evento é fundamental para a evolução do setor de recursos humanos.
“Tenho certeza que o Fórum é um espaço de aprendizado, de insights, de ressignificações, porque a gente tem que lidar com o caos, o inesperado e imprevisível todos os dias”.
Para o presidente da ABRH Brasil, Paulo Sardinha, o Fórum é uma oportunidade para o desenvolvimento das empresas, já que reúne diversos profissionais e assuntos que são relevantes para a evolução dos trabalhos.
“O Fórum é um dia que a gente sai muitos centímetros maior, que a gente ouve e diz com confiança em uma grade que é preparada com muita atenção e zelo. Sempre fazemos esses encontros com a ambição de que vamos fazer alguma diferença”.
O CEO da Farmax, Ronaldo Ribeiro, ressalta que o Fórum é muito importante por reunir as principais lideranças da área de RH e também os executivos do Estado para discutir as tendências futuras.
“Na nossa rotina atribulada, a gente vive só um dia de cada vez e perde a perspectiva de futuro. Então é o momento de pensar sobre o futuro. Temos três pilares muito importantes – histórico, econômico, e tecnologia – e discutir como isso maximiza a capacidade humana, maximiza as relações é essencial”.
Para Ribeiro, o tema escolhido “O futuro é humano” foi perfeito. Segundo ele, muitas vezes, as pessoas acham que alguma tecnologia irá substituir a interação humana, mas a tendência é utilizar as tecnologias para maximizar o ser humano.
“Na minha perspectiva, olhando para o futuro, vamos utilizar dessas plataformas, dessas tendências para maximizar o ser humano em si, o potencial de liderança e as relações humanas de forma geral”.
Quanto à Farmax, Ribeiro explica que a empresa é de bens de consumo voltada para cosméticos, produtos para o dia a dia e medicamentos que não têm prescrição médica. A empresa conta 1.200 pessoas e vem em um crescimento bastante acelerado.
“A gente tem comprado algumas companhias e acreditamos que as plataformas tecnológicas e a utilização de dados servirão para a gente acelerar esse crescimento. Vamos tornar o dia a dia da nossa consumidora, tornar a eficiência desse produto ainda melhor. Para a gente, as relações humanas são muito importantes, então a gente sempre olha os históricos econômicos e para as mudanças tecnológicas para aprender com o passado e projetar esse futuro, sempre focado em gente e em nutrir as relações humanas”, explicou.
O diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret, destaca que o evento inova discutindo temas que são importantes para todo o mercado, principalmente, na gestão de pessoas, setor que terá um novo papel.
“Nós vivemos tempos pós-pandemia de muita disrupção, de muita volatilidade e, com a evolução da tecnologia, que nós chamamos de Nova Revolução Industrial 4.0, essa evolução vem criando uma série de cenários novos que, claramente, geram muita ansiedade no mercado e atinge diretamente a atividade das pessoas”.
Ainda segundo Peret, existem muitas incertezas que estão relacionadas ao futuro do trabalho, de como vamos relacionar com a tecnologia e se haverá uma substituição das pessoas pela tecnologia.
“Claramente, essa não é a nossa visão na Unimed. Ao avançarmos com a tecnologia, usando a tecnologia como aliada, cada vez mais, precisaremos valorizar os potenciais humanos. As grandes mudanças são feitas pelas pessoas, para as pessoas. Buscar esse equilíbrio dentro de uma grande transformação tecnológica digital, sem perder o foco e sem perder ninguém que efetivamente cuidará dos processos, de nós no futuro é fundamental”.
Peret explica que os profissionais de gestão de pessoas devem ser os protagonistas dessa mudança, estudando e trazendo os potenciais para melhor relocação da força de trabalho, onde elas possam ser utilizadas da melhor forma possível para entregar o maior valor no trabalho.
Cenário econômico
Dentre os palestrantes, o professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e ex-diretor de Política Econômica e Dívida do Banco Mundial, Carlos Primo Braga, ministrou a palestra “Cenário Macroeconômico: Tempestade à frente?”.
De acordo com Braga, a economia mundial enfrenta um momento muito complexo com uma série de tempestades, entre elas a guerra entre Ucrânia e Rússia, que além dos aspectos humanitários, impacta na economia mundial.
“A guerra da Ucrânia impacta no preço da energia. Choques geopolíticos quando eles têm impactos no preço de energia, eles também vão ter implicações para o sistema financeiro e para a economia mundial e, isso, está acontecendo”.
Braga ressaltou que outro impacto da guerra está relacionado ao preço dos alimentos, resultado da saída da Rússia do acordo do Mar Negro, firmado com a Ucrânia e que tinha sido intermediada pelas Nações Unidas e a Turquia. O acordo permitia o transporte dos grãos da Ucrânia.
“A Ucrânia continua a exportar por vias terrestres, mas isso aumenta os preços e diminui a capacidade da quantidade de exportações”.
Outra tempestade é a China, que deve crescer menos do que o esperado. Segundo Braga, a economia da China vem se recuperando e o governo espera um crescimento de 5,5% neste ano. Porém, Braga ressalta que a realidade por ser diferente, já que a China tem uma série de problemas particularmente no setor imobiliário e também na área financeira, em termos de endividamento.
“Isso sugere que nós vamos ter uma situação mais complicada do que as estatísticas otimistas do governo. Para o Brasil, isso é muito importante porque a China é o nosso maior parceiro comercial e o papel da China na determinação de preço de commodities seja do agronegócio ou minerais é muito importante. Então, isso é uma preocupação”.
Quanto aos Estados Unidos, apesar da economia bastante pujante em termos de mercado de trabalho, a situação inflacionária é um problema que levou ao aumento dos juros, algo que não se via desde a década de 1980.
“Os juros nos Estados Unidos chegaram a 5,25%, pode parecer pouco em vista do brasileiro, mas houve um aumento muito rápido e, certamente, vai levar a uma desaceleração da economia. Estes fatores levam a crer que a economia mundial vai crescer no máximo 3%, então desacelerando frente ao ano passado”.
Já no Brasil, Braga explica que a visão sobre a economia é mais otimista, mas não se sabe se será sustentável. “Aí está o grande problema”, disse.
Diante dos desafios mundiais, Braga explica que os profissionais de recursos humanos terão um papel fundamental frente às tempestades e também a um novo desafio, o da Inteligência Artificial (IA) e seus impactos.
“Um outro choque que está se desenvolvendo é a questão da Inteligência Artificial. Não sabemos o que a IA vai significar para o mercado de trabalho. Existem algumas estimativas que nos próximos 10 anos nós vamos ver cerca de 18% das ocupações sendo contestadas pela tecnologia. Isso não quer dizer que elas vão desaparecer, mas quer dizer que se as empresas e, particularmente, o pessoal de recursos humanos não for capaz de orientar a capacitação profissional dos empregados para utilização da IA nós vamos ter um outro problema à frente”.
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