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Mulheres ampliam presença como fundadoras de startups em Minas Gerais

As perspectivas para este ano são de avanço de até 4% na participação feminina
Mulheres ampliam presença como fundadoras de startups em Minas Gerais
Foto: Freepik

Minas Gerais possui mais de 985 startups distribuídas por 132 cidades, o que representa 5,34% do total no Brasil. De acordo com levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), quase um quarto (24,31%) desses negócios possuem uma mulher como fundadora.

Apesar da taxa no Estado estar abaixo da média nacional, com 31% das mais de 18 mil startups brasileiras fundadas por mulheres, a analista de inovação do Sebrae Minas Carla Ribeiro destaca que o cenário é de crescimento em Minas nos últimos anos.

Ela ainda avalia que as perspectivas para este ano são de avanço de até 4% na participação feminina, algo significativo para o mercado. “A minha expectativa é de que esse ciclo de crescimento se perpetue”, declara.

No entanto, ela pontua que ainda há muitos desafios a serem superados. A especialista ressalta que essas barreiras envolvendo um ambiente de negócio majoritariamente masculino e a tripla jornada de trabalho, podem ser encontradas em qualquer tipo de empresa, não sendo algo exclusivo do mundo das startups. “Nós mulheres não estamos tão livres para ficar ‘full time’ para o business igual ocorre em muitos casos entre os homens”, diz.

Por outro lado, Carla Ribeiro lembra que as mulheres tendem a estudar mais para obter maior conteúdo técnico profissional e, consequentemente, maior competência para gestão dos processos. A analista avalia que as empresárias também tendem a ser mais exigentes consigo mesmas e possuir mais vontade de aprender e se aperfeiçoar profissionalmente.

Ela também pontua que as competências de gerenciamento apresentadas pelo público feminino estão entre as mais procuradas pelas empresas atualmente. “A mulher tem uma capacidade de escuta, de aprendizado e de expor vulnerabilidades. Além de uma liderança mais integradora e mais acolhedora”, completa.

As mulheres, segundo a especialista, possuem uma grande facilidade para trabalhar coletivamente, escutar e convergir diferentes talentos em prol de um resultado comum, além da criatividade. Ela lembra que antigamente as tomadas de decisão eram feitas com base puramente analítica, enquanto nos dias de hoje há também o caráter da intuição para inovar, algo que tende a ser muito forte entre as gestoras.

Inovação é uma condição essencial para as startups. Por isso que eu acho que a startup é um processo interessante para a mulher, porque ela consegue em times mais enxutos, ter uma agilidade fantástica”, avalia.

Maioria masculina no mercado de startups vem das universidades

A analista de inovação do Sebrae Minas relata que essa maior participação masculina no mercado tanto no Estado quanto no País está diretamente relacionada aos cursos de formação desses empreendedores. Em Minas Gerais, 69,9% dos founders das startups possuem ensino superior, sendo que 40% contam com mestrados e doutorados.

Grande parte deste público é formada em cursos de segmentos com tecnologia da informação (TI), saúde, agronegócio, educação, principalmente voltada para a área da engenharia. “Isso é uma questão que vem das universidades. A esmagadora presença nesses cursos é masculina. Então como são esses cursos que geram o nascimento das startups, nós teremos uma presença muito concentrada”, aponta.

Mulher empreendedora.
Foto: Freepik

As mulheres fundadoras de startups estão mais concentradas nos grupos de empresas voltadas para o segmento de beleza, saúde e bem-estar, que estão ligadas ao cuidado e outras questões. “São áreas com uma maior formação acadêmica de mulheres”, completa.

No entanto, políticas públicas e programas específicos voltados para a promoção do empreendedorismo feminino incentivam mais mulheres no setor em todo Brasil. Dentre essas ações está o Sebrae Startups, que oferece capacitação, mentorias e facilitação ao acesso a crédito para diversos empreendimentos baseados em inovação.

A head de startups do Sebrae, Cristina Mieko, destaca que a instituição acredita no potencial transformador das mulheres no ecossistema de inovação. “Com iniciativas que chegam a todas as regiões do Brasil, incentivamos e apoiamos founders mulheres para que suas startups cresçam, se destaquem e impactem positivamente a economia”, diz.

Segundo ela, o mercado está desenvolvendo um ambiente mais diverso, inclusivo e inovador, onde o protagonismo feminino é cada vez mais reconhecido e valorizado. As iniciativas de apoio do Sebrae, como o programa “Sebrae Delas” e o “Acredita”, também atuam na promoção da inclusão financeira, o acesso a crédito e a disseminação da educação financeira para as empreendedoras brasileiras.

A ação permite que pequenos negócios liderados por mulheres tenham melhores opções na aquisição de empréstimos em instituições financeiras, com o aval do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) para 100% do valor nas operações de crédito voltadas para o público feminino.

Carla Ribeiro pontua que a presença das mulheres é ainda maior se considerar o cenário de sócias de startups no geral, indo além da posição de fundadora dessas empresas. “Eu acredito que a presença das mulheres no processo decisório das startups é ainda maior. Até porque, a presença nos nossos eventos é esmagadoramente feminina”, completa.

Ela também ressalta a importância da diversidade no negócio, seja no campo de gênero, geográfico ou de comportamento. “Quanto mais diversidade no processo de inovação, maior a mitigação de erros teremos. As startups estão trabalhando fortemente nessa questão de diversidade”, avalia.

(Com informações da Agência Sebrae)

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