Via Varejo tem nova plataforma de entregas
São Paulo – A Via Varejo começou a usar entregadores autônomos cadastrados na plataforma “Eu Entrego” para agilizar ao cliente o recebimento de mercadorias compradas nos canais on-line das redes Casas Bahia e Pontofrio, em mais um esforço para contornar os desafios da infraestrutura logística do País e ganhar mais competitividade. Firmada em maio, a parceria com o aplicativo complementa a estratégia de construir pequenos galpões em lojas físicas, os chamados “minihubs”, a fim de reduzir em 80% o tempo das entregas. A varejista de móveis e eletroeletrônicos já conta com 13 minihubs e planeja elevar esse número a 70 até o fim de agosto. “Quando lançamos o minihub já tínhamos a pretensão de não trabalhar com transportadoras convencionais… Conversamos com várias empresas e a Eu Entrego foi a mais compatível com o nosso negócio», disse o diretor de distribuição e pós-venda da Via Varejo, Diclei Remorini, sem fornecer detalhes financeiros do acordo. Criada há cerca de dois anos, a plataforma Eu Entrego tem cerca de 40 mil entregadores autônomos cadastrados, dos quais aproximadamente 10 mil estão ativos. A empresa ainda reúne cerca de 50 clientes corporativos, incluindo outros grupos grandes como a fabricante de cosméticos Natura e a empresa de alimentos BRF. “A operação começou com pessoas fazendo ofertas de entregas para outras e a partir do segundo ano passamos a conectar negócios a entregadores autônomos”, disse Vinicius Pessin, um dos fundadores da Eu Entrego. As empresas que fazem uso da plataforma reduzem em 10% a 15% o custo da entrega em relação às transportadoras convencionais, incluindo os Correios, afirmou Pessin. Segundo ele, a remuneração bruta do entregador autônomo pode chegar a R$ 4.500 por mês. No caso da Via Varejo, os resultados da parceria foram positivos ainda na fase piloto, em junho, com cerca de 60 entregas por dia e prazo médio de 1,4 dia por entrega. “O piloto já acabou, foi um sucesso, deu muito certo e agora já estamos em fase de implementação”, afirmou Remorini, acrescentando que boa parte dos produtos despachados em parceria com a Eu Entrego são itens leves, como celulares e eletrônicos. Todas as lojas com minihubs serão integradas à Eu Entrego e a partir da próxima semana a varejista já ativará o serviço em dois minihubs por dia, segundo o executivo. Ele ressaltou que a decisão de usar a plataforma para entrega caberá exclusivamente à Via Varejo, dependendo da mercadoria e do local de entrega, e os clientes não terão cobrança diferenciada. O aplicativo permitirá o uso de outros modais de transporte, permitindo aos entregadores transitar durante todo o dia por cidades que antes tinham limitação de horários para caminhões. “A entrega pode ser feita de carro, a pé, de ônibus ou bike. Incentivamos todos os modais através da Eu Entrego”, comentou Remorini. Os esforços da Via Varejo para acelerar a integração dos canais on-line e off-line e conquistar clientes com prazos de entrega mais rápidos ocorrem num momento em que o setor se prepara para uma concorrência mais acirrada no varejo, enquanto a gigante norte-americana Amazon se movimenta para intensificar a atuação no mercado brasileiro. Em 2018, as units da Via Varejo acumulam baixa de mais de 20%, na contramão das rivais B2W e Magazine Luiza, que já subiram cerca de 45% e 62%, respectivamente, desde o começo do ano. Acordos – Fora o acordo com a Eu Entrego, a Via Varejo também está expandindo a parceria com os Correios para a retirada de itens comprados nos canais online e lojas físicas. Essa opção já está disponível em 1.200 agências do Brasil e o número pode chegar a 3 mil, conforme Remorini. O diretor de distribuição e pós-venda da Via Varejo ainda citou os planos de instalar armários em postos de combustível para expandir os pontos de retirada de mercadorias, mas ressaltou que essa não é a prioridade da companhia neste momento. (Reuters) COMPANHIA REVERTE PREJUÍZO NO 2º TRIMESTRE A Via Varejo registrou lucro líquido de R$ 20 milhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de R$ 85 milhões registrados no mesmo período do ano passado, informou o braço de comércio de móveis e eletrodomésticos do GPA na noite de segunda-feira. O resultado, contudo, ficou abaixo da estimativa de consenso da Reuters, de lucro de R$ 40,4 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 25,1%, para R$ 394 milhões, com margem de 6,1%, quase um ponto percentual acima do registrado no segundo trimestre do ano passado. “Este é o 6º trimestre consecutivo de expansão de margem na comparação com o mesmo período do ano anterior”, informa a empresa. A dona das marcas Casas Bahia e Pontofrio registrou receita líquida de R$ 6,5 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 5,1% na comparação anual. A receita nas lojas físicas atingiu R$ 5,2 bilhões, alta de 6,5%, com crescimento “mesmas lojas” de 5,8%. Segundo a empresa, a greve dos caminhoneiros, no fim de maio, acabou impactando o fluxo de clientes nas lojas, que foi parcialmente minimizado pelo serviço de entrega Retira Rápido, que apresentou uma penetração expressiva no período. O Gross Merchandise Volume (GMV), usado para medir o total de vendas realizadas no site da empresa, subiu 9,4%, para R$ 1,6 bilhão, incluindo o valor dos produtos de terceiros (marketplace). A margem bruta ficou em 28,9% de abril a junho, queda de 2,3 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2017, afetada, segundo a Via Varejo, pelo mix de vendas sazonal para a Copa do Mundo. “Além do impacto da greve dos caminhoneiros, projetos importantes como o Via Única e os novos aplicativos ainda não contribuíram com todo o seu potencial para os resultados nesse período”, disse a empresa. A Via Única é um projeto para criar uma base de dados única de lojas físicas, on-line e crediário. A empresa abriu 11 novas lojas no trimestre, sendo dez no formato Smart – que possui mais tecnologia e metragens que variam de 500 metros a 1 mil metros quadrados – e um quiosque, inaugurado em abril. A empresa disse que pretende encerrar o ano com 20 lojas no formato quiosque, que permite experimentar novas regiões e ingressar em áreas mais adensadas. A empresa fechou o trimestre com caixa líquido, incluindo recebíveis de cartão de crédito não descontados, de R$ 2 bilhões. “Estrategicamente, seguimos com estoques elevados (financiado por nossos fornecedores) como forma de minimizar os efeitos da desvalorização do real (R$) e potencial redução na estimativa de produção dos nossos fornecedores”, disse a empresa.
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