Carga tributária: Brasil tributa como país rico
A nova taxação de 10% sobre rendas acima de R$ 50 mil por mês reacendeu o debate sobre o peso dos impostos no Brasil, que segue entre os países que mais arrecadam no mundo sem devolver serviços públicos compatíveis. Em 2024, a carga tributária bruta atingiu 32,32% do PIB, nível superior ao de parte das economias da OCDE, apesar de o País não oferecer saúde, educação, infraestrutura e segurança comparáveis às nações desenvolvidas. Somado a isso, o endividamento cresce: a Dívida Pública Federal ultrapassou R$ 7,9 trilhões em julho de 2025, pressionando ainda mais a arrecadação — sempre direcionada a quem produz, investe e trabalha.
Nesse ambiente, empresas intensificam planejamento tributário, antecipam dividendos e reestruturam operações para preservar caixa e manter competitividade. Não é apenas sobrevivência: é necessidade de adaptação, inovação e eficiência. O executivo contemporâneo entende que cortar custos não basta; é preciso reinventar modelos, diversificar mercados e transformar adversidades em oportunidades.
Liderar em períodos instáveis exige resiliência, visão estratégica e decisões orientadas por dados. As organizações que prosperam mesmo em cenários adversos são aquelas que antecipam riscos, agem rapidamente e cultivam cultura de longo prazo. Elas são guiadas por líderes que enxergam além da crise e unem propósito, ética e foco nas pessoas.
Nesse contexto, o senso crítico da sociedade — especialmente da elite decisória — torna-se essencial. Governantes não são figuras distantes, mas gestores dos recursos públicos e corresponsáveis pelo futuro do País. O Brasil precisa superar a polarização que transforma políticos em ídolos e lembrar que disciplina fiscal, investimento produtivo e responsabilidade com o dinheiro do contribuinte são obrigações, não bandeiras partidárias.
Executivos, empresários e cidadãos devem trocar o “torcer” pelo “questionar”: analisar dados, fiscalizar políticas, entender impactos de reformas e exigir transparência. Dados da OCDE mostram que a carga tributária brasileira já se aproxima de países como EUA (26%), Canadá (33%) e Reino Unido (33%). A diferença é o retorno: enquanto essas nações entregam serviços públicos eficientes, o brasileiro precisa pagar do próprio bolso saúde, educação e segurança — além dos impostos.
O aumento de impostos reduz competitividade ao encarecer produzir, contratar e investir. Sem previsibilidade, segurança jurídica e melhorias claras em infraestrutura e qualificação, fica difícil justificar projetos de longo prazo. O resultado é fuga de capital e de oportunidades para países com melhor relação entre tributo e retorno.
A nova taxação pode aprofundar um ciclo perigoso: sensação de confisco, incentivo a manobras tributárias e menor disposição para investir. Empresas adiam projetos, executivos direcionam energia para blindagem fiscal e trabalhadores sofrem com menos oportunidades e menor crescimento.
A pergunta que persiste é simples e urgente: essa medida aproxima o Brasil de um futuro mais competitivo e sustentável ou empurra talento, capital e oportunidades para fora do país?
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