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Delação premiada, emendas parlamentares e insegurança pública: três temas palpitantes

Delação de Mauro Cid em caso envolvendo o ex-presidente Bolsonaro se somam ao debate político sobre as emendas e o caso da segurança pública em São Paulo
Delação premiada, emendas parlamentares e insegurança pública: três temas palpitantes
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

“A polícia de SP virou caso de polícia” (Antonio Luiz da Costa, Educador)

1) Primeiro foi o advogado do ajudante de ordens. Mesmo tentando, mais tarde, de forma nada convincente, desdizer o que disse na entrevista da televisão, acabou admitindo que a delação premiada do Coronel Cid confirmou ipsis litteris  aquilo que o inquérito da PF sustenta quanto à participação do ex-presidente Bolsonaro na conspiração. Ao depois, foi a vez do advogado do próprio, também entrevistado pela tevê. Deixou subentendido que seu cliente, a par da trama que vinha rolando, recusou-se, como “bom democrata”, a participar das ações articuladas por colaboradores mais graduados, homessa! Não deu outra. Conforme apuração de bastidores, feita por jornalistas experimentados, a manifestação reverberou negativamente em círculos bem próximos a Bolsonaro, que divisaram na estratégia delineada para a defesa do ex-mandatário o propósito solerte de jogar no colo dos auxiliares a culpa pelo complô desmascarado. Já há quem esteja supondo, a esta altura dos acontecimentos, que o Coronel Cid, no final das contas, não será o único a contar o que sabe…

2) Revela-se indisfarçável a tenaz resistência oferecida por contingente significativo de integrantes do Congresso à exigência de transparência e rastreabilidade na tramitação das emendas parlamentares. Tal procedimento vem suscitando fortes críticas e condenações em amplas camadas da sociedade. A Democracia estabelece, como regra irremovível, que a aplicação dos recursos públicos seja ordenada com clareza solar. Sem essa, portanto, de inventar subterfúgios inconsistentes que possam alterar o ritmo normal das coisas, permeando de sombras e dúvidas projetos e realizações concebidos no interesse da coletividade. Como recomenda o STF, é preciso acompanhar com rigorosa atenção do começo ao fim todas as etapas das obras contempladas com emendas instituídas por senadores e deputados, no uso de suas prerrogativas constitucionais.

3) Um fator preocupante na momentosa questão da insegurança pública que sacode São Paulo, com reflexos no resto do País, é paradoxalmente a forma de agir da segurança pública. Ação truculenta, de não raro em raro, letal, provoca sobressalto e atemoriza a população. O ininterrupto desfile de cenas emblemáticas, registradas nas tarefas atribuídas a despreparados agentes policiais, atingiu o ápice do desatino com lance do cidadão arremessado num córrego do alto de uma ponte. O inimaginável procedimento ocorreu sob os olhares acumpliciados de 12 outros agentes fardados, sem que nenhum deles dissesse qualquer coisa ou fizesse qualquer gesto no sentido de obstaculizar o bárbaro ato. O espanto provocado por essa e outras brutais ocorrências do mesmo naipe levou o corregedor dos órgãos de segurança a reconhecer publicamente que “a PM de SP está fora de controle”.

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