Histórias edificantes: efervescência política no fim de ano
“Chocante demais essa história da ligação de parlamentares com o crime organizado!” (Antonio Luiz da Costa, professor)
Final de ano de efervescência política incomum. Casos numerosos, rodeados de acesas polêmicas, atraindo as atenções e preocupações da opinião pública num espaço de tempo relativamente curto.
O chamado “Projeto da Dosimetria” acabou sendo aprovado pelo Congresso Nacional em circunstâncias desconcertantes, pra dizer o mínimo. No texto saído da Câmara dos Deputados para apreciação do Senado, foram marotamente introduzidos alguns impensáveis “jabutis”. Os autores da indecorosa proeza abriram brechas para aquilo que a mídia intitulou de “liberou geral”. Não é de se ver que os benefícios previstos para os golpistas poderiam se estender também para autores de outras modalidades de crime!? Os senadores, obviamente, retiraram do projeto os extravagantes penduricalhos.
O “Projeto da Dosimetria”, como sabido e notório, tem por mira prioritária assegurar redução de pena para os integrantes da cúpula da intentona. Os implicados nos atentados às sedes dos Três Poderes, “massa de manobra” utilizada como ponta de lança para ações de maior violência e impacto, estão sendo favorecidos secundariamente. Relembremos que as ações por eles deflagradas no fatídico 8 de janeiro não produziram, felizmente, o levante popular e militar concebido pelos idealizadores e patrocinadores do impatriótico complô antidemocrático. Aprovação da redução das penas resultou, pelo que se sabe, de um “acordão” nas caladas da noite, abrangendo até mesmo, conforme suspeitas da mídia, membros do governo e do Judiciário. Algo, está visto, pra lá de estranho. O presidente Lula assegurou que irá vetar o projeto.
A cassação de mandatos parlamentares constituiu outro episódio político ruidoso. O plenário da Câmara Federal “absolveu” a deputada Carla Zambeli, foragida, condenada em dois processos, detida em prisão na Itália. O STF reagiu, estipulando que a cassação do mandato do caso era automática, tendo em vista a condenação. A direção da Câmara resolveu agir com maior firmeza ao avaliar a situação dos deputados Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem respeitando os dispositivos legais, cassou o mandato do primeiro por haver ultrapassado o limite de faltas às reuniões de trabalho, contrariando os dispositivos regimentais. Cassou o segundo por ter sido julgado e condenado pelo STF, considerando sua participação na trama golpista.
No Rio de Janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa, um deputado estadual e um desembargador federal foram presos, acusados de envolvimento com uma das facções criminosas que atuam no País.
As investigações da Polícia Federal identificaram a participação no crime contra os pensionistas do INSS de um senador da República vice-líder do governo e outros graduados funcionários da Previdência.
Já um outro parlamentar foi apontado como autor de desvio de dinheiro público no esquema das “emendas parlamentares”.
A efervescência política registrada traz à tona muitos atos desedificantes, incompatíveis com os ideais republicanos.
Ouça a rádio de Minas