Do tático ao estratégico: o marketing como imperativo de governança em startups do setor jurídico
O avanço tecnológico impulsionou o surgimento das startups legaltechs, empresas inovadoras de base tecnológica que buscam otimizar o acesso à Justiça e agregar valor ao dia a dia do profissional do Direito. Contudo, em um mercado tradicionalmente conservador e pautado pela credibilidade, a excelência do produto não basta. O sucesso de uma legaltech é cada vez mais dependente de um vetor estratégico: o marketing, que transcende a função tática e se eleva à categoria de decisão de governança, tornando-se uma pauta essencial na mesa do conselho e da alta gestão.
Para que as soluções alcancem impacto real, é fundamental que os empreendedores adotem estratégias de comunicação bem estruturadas, assertivas e intrinsecamente alinhadas com os objetivos do negócio e os critérios de risco do segmento jurídico. Mas, o segmento jurídico exige uma abordagem diferenciada. O decisor, seja ele um sócio administrador de escritório ou um diretor jurídico de grande empresa, opera com sensibilidade a riscos e toma decisões com base em critérios de alto nível.
O marketing para LegalTechs se torna um imperativo de governança porque impacta diretamente as métricas valorizadas pelo corpo diretivo. A comunicação precisa ser clara e transparente, demonstrando como a tecnologia facilita rotinas e, principalmente, garante maior segurança jurídica, reduzindo a exposição a falhas operacionais.
O marketing estratégico deve traduzir a tecnologia em valor jurídico mensurável. Mas, funcionalidades de software, sozinhas, não convencem. O decisor de alto nível avalia a redução de risco, a previsibilidade operacional e a eficiência processual. Ao alinhar a comunicação com esses pilares, a LegalTech eleva o marketing de uma despesa operacional para um investimento estratégico que influencia diretamente a saúde financeira e a maturidade da empresa (CAC, LTV e conversão por etapa).
A principal barreira enfrentada pelas LegalTechs é a ausência de uma narrativa que seja compatível com o ecossistema jurídico. O discurso centrado no produto, comum em muitas startups, não dialoga com a lógica do setor. Para que o marketing se sustente como pauta de conselho, a mensagem deve ser técnica, objetiva e orientada à transformação.
Nesse sentido, é crucial conectar a dor jurídica real à solução tecnológica. Isso significa que a LegalTech que se posiciona apenas como “solução tecnológica” tende a competir por preço, enquanto aquela que comunica transformação compete por relevância. A comunicação precisa ser educativa, assumindo o protagonismo na disseminação de conhecimento sobre inovação, automação e inteligência artificial aplicada ao Direito. Conteúdos técnicos, estudos de caso e demonstrações de aplicação prática são essenciais para formar demanda, reduzir objeções e fortalecer a reputação e a confiança no mercado.
O sucesso depende do alinhamento estratégico constante entre marketing, produto e negócio. É fundamental que o empreendedor participe ativamente da definição de objetivos e canais de comunicação para garantir a coerência narrativa e a eficiência no ciclo comercial.
Outro ponto importante é que a execução de estratégias de marketing que atendem aos critérios de governança exige equipes multidisciplinares e coesas. Na Aleve LegalTech Ventures, entendemos que a execução deve ser um reflexo fiel da estratégia definida no nível mais alto. Por isso, estruturamos squads especializados, compostos por profissionais de marketing, tecnologia, design e, essencialmente, especialistas jurídicos. Esses times atuam de forma ágil e colaborativa, garantindo que a operação de marketing seja coerente com o posicionamento e os objetivos do negócio.
O grande diferencial que oferecemos é a coconstrução da estratégia com o empreendedor. Os squads da Aleve são entregues totalmente alinhados à estratégia que delineamos em conjunto, incorporando mapeamento de processos jurídicos, análise aprofundada do mercado e dos concorrentes, além de comunicação técnica e segmentada para o setor legal. Este modelo, orientado a dados e resultados tangíveis, permite que a legaltech teste e valide hipóteses, ajustando campanhas em tempo real. Dessa forma, o marketing se torna um motor de crescimento previsível e auditável, capaz de responder às exigências do conselho e da governança corporativa.
A expansão das legaltechs no Brasil é uma jornada que exige estratégia, clareza de narrativa e capacidade de comunicar valor. Ao tratar o marketing como uma pauta estratégica de conselho, garantindo seu alinhamento com os objetivos de negócio e a execução profissionalizada por meio de squads especializados, o empreendedor está apto a gerar confiança, reduzir barreiras e consolidar sua marca. Inovação tecnológica abre portas, mas é o marketing estratégico, técnico e alinhado aos critérios de governança, que consolida o caminho para o sucesso sustentável no ecossistema jurídico.
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