Terras-raras e tecnologia: País pode se tornar protagonista mundial
Falar de inovação é, ao mesmo tempo, abordar aquilo que chamamos de Elementos Terras Raras (ETR), um conjunto de 17 metais pesados, entre eles, os minerais críticos, que estão no centro das discussões geopolíticas e das indústrias globais porque diz respeito a elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos, de smartphones e televisores a câmeras digitais e LEDs.
A maior parte desses minerais está concentrada em apenas dois pontos do planeta: a China e o Brasil, que se destaca como detentor da segunda maior reserva mineral de ETR do mundo, o que representa cerca de 25% dos recursos mundiais, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Este protagonismo representou, no primeiro semestre, um volume de comercialização de US$ 7,5 milhões, de acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Apesar do volume ser superior a qualquer outro ano da série histórica, ainda segue tímido, tendo um único destino, a China.
Ao passo que se trata de um recurso usado para a tecnologia, a digitalização das operações locais pode ampliar a eficiência, a sustentabilidade e a competitividade no setor. O desenvolvimento tecnológico começa pela segurança e preservação ambiental, que envolve regras rígidas para garantir a estabilidade de barragens e a compensação dos impactos socioambientais, que ganhou força a partir de investimentos em maquinário, sensores e sistemas digitais de monitoramento em tempo real.
Esses mecanismos atendem às exigências regulatórias, reduzem riscos ambientais e aumentam a confiança dos investidores. Além da regulação, operações de mineração são, por natureza, de missão crítica: não podem parar para não gerar prejuízos. Aplicações como sensores inteligentes, visão computacional e inteligência artificial permitem monitorar equipamentos críticos, antecipar falhas e evitar paradas inesperadas que podem gerar prejuízos milionários.
Para sustentar esse nível de exigência, cresce a demanda por redes privativas de internet que oferecem conectividade estável, segura e imune às oscilações das redes de grandes operadoras. São elas também que asseguram o funcionamento de soluções de manutenção preditiva e monitoramento contínuo, que garantem a continuidade das operações.
Um exemplo é a aplicação de sistemas de detecção de materiais não britáveis, que impedem que blocos inadequados ou resíduos metálicos comprometam britadeiras. Ao integrar análise química, visão computacional e dados satelitais, tal solução aumenta a assertividade da extração e reduz riscos operacionais.
A convergência entre IT (Tecnologia da Informação) e OT (Tecnologia Operacional) também é um ponto de destaque, pois permite que máquinas, sensores, softwares e equipes atuem de forma integrada, elevando a confiabilidade das operações de extração e refino.
O movimento global de investimentos coloca o Brasil no centro das atenções. Transformar esse potencial em resultados concretos depende, e muito, do investimento em tecnologia, automação e transformação digital. Só assim será possível consolidar o país como protagonista na nova era da mineração mundial.
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