Capitalismo Consciente

É um bom negócio ser um negócio bom

Pode parecer uma frase ingênua, mas descreve a nova tese para criação de valor nos negócios

“É um bom negócio ser um negócio bom.” Escutei essa frase do Jasper Brodin, CEO do grupo Ikea, durante um painel do Fórum Econômico Mundial. De lá para cá, essa ideia não saiu mais de minha cabeça. Pode parecer uma frase ingênua, talvez passe despercebida para a maioria, mas essa frase descreve a nova tese para criação de valor nos negócios.

Essa tese criativa (re)discute o lugar dos negócios como parte da solução eficiente dos grandes problemas da humanidade; (re)propõe o papel das empresas e de suas lideranças; (re)contexualiza a função das marcas e da inovação rumo a um verdadeiro salto do sistema que nos estrutura: o capitalismo.

É simples de entender o ponto de vista do capital: se as empresas valem pelo seu fluxo de caixa futuro descontado o valor presente, então quanto vale um negócio hoje, se ele não tiver futuro? Neste ponto onde estamos, as empresas precisam ser – mais que nunca – fábricas de futuros.

Por outro lado, achar que podemos seguir fazendo negócios como sempre fizemos, é que não tem mais futuro nenhum. Te dou um dado daqueles que “alugam um triplex em nossa cabeça”: 45% dos CEOs no mundo (41% no Brasil) não acreditam que suas organizações sobreviverão por mais de dez anos se mantiverem o rumo atual (27ª CEO Survey da PWC com cerca de 4.700 CEOs respondentes em 2024).

A suporte de tudo isso, as lideranças da comunidade global de negócios e do setor financeiro estão ativamente co-desenvolvendo, experimentando e legitimando, em tempo real, uma nova cartilha para criação de valor, onde a regeneração do meio ambiente (E), da sociedade (S), e do próprio capitalismo (G), significa lucro. Masterizar essa nova equação criativa passa a ser core business de toda e qualquer empresa.

Não é de hoje que o capital vem dando essa direção. Na voz do chairman e CEO do BlackRock, o maior fundo investidor do planeta, em uma entrevista à “Harvard Business Review”, logo antes da pandemia: “every company must not only deliver financial performance, but also show how it makes a positive contribution to society.” Trocando em miúdos: empresas devem lucrar e regenerar ao mesmo tempo.

Essa ideia de que um negócio possa ser regenerativo e lucrativo – ao mesmo tempo – nos desafia criativamente porque busca, ao invés de exaurir, regenerar recursos e sistemas ambientais, sociais e humanos, por meio de um modelo econômico que gera lucro e futuros; provando a tese de que é um bom negócio ser um negócio bom.

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