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Mineração e riqueza: o protagonismo de Catas Altas no PIB/2021

Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros. De acordo com o levantamento, em 2021, os três municípios com os maiores PIB per capita foram Catas Altas (MG), Canaã dos Carajás (PA) e São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). Essas localidades têm a indústria extrativa como sua principal atividade econômica.

Neste artigo, irei explorar a dinâmica da cidade líder, visando compreender o porquê de ela ter figurado em uma posição de destaque nacional.

Localizada aos pés da Serra do Caraça e resguardada pelo contraforte da Serra do Espinhaço, Catas Altas integra o Circuito do Ouro ao longo da Estrada Real, estando a 139 quilômetros do centro de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. A trajetória do município, assim como a de muitas cidades mineiras, está intimamente ligada ao ciclo da mineração. Seu nome tem origem nas escavações profundas realizadas no topo das colinas: a palavra “catas” refere-se a garimpo, uma escavação mais ou menos profunda, dependendo das características do terreno para a atividade mineradora. E é justamente em decorrência dessa atividade que o município despontou como aquele que possui a riqueza, por habitante, mais elevada do país.

Segundo dados do IBGE, o PIB do município, que abriga uma população de 5,4 mil habitantes, chegou a R$ 5 bilhões. Cerca de 80% dessa riqueza tem origem na atividade industrial, enquanto 18% correspondem aos serviços, e 2% estão distribuídos entre a agropecuária e a administração pública. É interessante notar que a cifra da riqueza gerada pelos setores econômicos no município não se manteve constante ao longo do tempo, sendo 2021 um ano atípico. Para contextualizar, a soma de todos os bens e serviços produzidos em Catas Altas em 2020 representava apenas um quinto do valor observado no ano seguinte. Em 2018, essa cifra era de apenas 8% do recorde do ano mais recente.

O montante bilionário pode ser atribuído, quase que integralmente, à exploração do minério de ferro. Apesar disso, é importante destacar outras atividades que também desempenham um papel importante, como os serviços ligados à cadeia do turismo. Estes,exploram o perímetro urbano tombado como patrimônio histórico e cultural, contribuindo para impulsionar a geração de riqueza local.

Essa configuração, com protagonismo da indústria extrativa mineral, é refletida nos diversos indicadores econômicos de Catas Altas. Quando se trata de emprego formal, por exemplo, dos 1,4 mil postos de trabalho com carteira assinada existentes, a “extração de minerais metálicos” lidera com 54% do pessoal ocupado, seguida pelos “serviços” (13,9%), “administração pública” (8,2%) e comércio varejista (7,8%).

No âmbito da balança comercial, o município evidencia sua natureza superavitária, com exportações totalizando 342 milhões de dólares e importações atingindo 1,49 milhão. O carro-chefe dessas exportações, por suposto, é o minério de ferro, representando 100% da pauta. Os destinos das vendas ao exterior revelam uma presença robusta da Ásia, onde a China assume a liderança com 81,7% do volume exportado, seguida pela Malásia (13,9%), Coreia do Sul (1,6%), Japão (0,1%) e Filipinas (0,1%). A Europa, por sua vez, é destino de 2,6% das exportações do município mineiro, tendo como principais mercados a França (1,6%), a Bélgica (0,8%) e a Holanda (0,2%).

Apesar do importante saldo da riqueza gerada no município, a economia local merece atenção, especialmente em decorrência da necessidade de diversificação de uma economia altamente dependente de uma única atividade produtiva. A exploração de recursos minerais tende a se esgotar e, atualmente, as perspectivas de diversificação econômica em Catas Altas são limitadas, restringindo-se majoritariamente ao setor da mineração.

No entanto, a liderança noticiada pelo IBGE pode render bons frutos ao município, impulsionados pela crescente curiosidade e interesse das pessoas por uma cidade até então desconhecida por muitos. Com estímulos adequados, o turismo pode se tornar a porta de entrada para a tão necessária diversificação.

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