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Renovação ou continuidade? Uma análise do resultado das eleições

A hegemonia dos partidos de centro observada no último pleito revela muito sobre a política municipal no Brasil

A renovação política é um tema que ressurge em todas as eleições. A expectativa de que ideias inovadoras possam trazer um fôlego diferente para as cidades é sempre presente no eleitorado, especialmente em um cenário de insatisfação com o status quo. Ao mesmo tempo, a reeleição de prefeitos que realizaram uma boa gestão reflete o reconhecimento de um trabalho bem-feito, mostrando que a continuidade, em alguns casos, também pode ser um caminho válido para a prosperidade local. Este equilíbrio entre o novo e o conhecido deveria ser o ponto central das discussões eleitorais.

Entretanto, o cenário que se consolidou nas eleições municipais deste ano manteve uma tendência já observada anteriormente: o domínio dos partidos tradicionais de centro e a recondução de velhos conhecidos para o posto de Executivo municipal. O PSD, por exemplo, foi o grande vencedor, conquistando 878 prefeituras, ultrapassando o MDB, que ficou em segundo lugar com 847. O Progressistas, União Brasil e PL, todos do espectro mais ao centro-direita, também se destacaram, com 743, 578 e 510 prefeituras, respectivamente. Esses números deixam claro que o eleitorado brasileiro, em sua maioria, optou pela continuidade e por partidos que têm forte presença local e acesso aos fundos partidário e eleitoral.

Essa hegemonia dos partidos de centro revela muito sobre a política municipal no Brasil. O uso de emendas parlamentares e a presença consolidada em estruturas municipais permitiram a esses partidos manterem uma base sólida de apoio, especialmente em regiões onde o contato próximo com o eleitor é fundamental.

Por outro lado, mesmo com essa força dos partidos tradicionais, não se pode ignorar a presença de candidatos com novas ideias e o surgimento de sinais de renovação, especialmente em grandes centros urbanos. O partido Novo, por exemplo, do governador Romeu Zema, que não havia conquistado nenhuma prefeitura em 2020, elegeu 18 prefeitos neste pleito.

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Esse contraste entre o domínio dos partidos tradicionais e o surgimento de novos candidatos reflete a complexidade do cenário político brasileiro. A renovação não ocorre de maneira homogênea, e, em muitos casos, a continuidade tem sido vista como uma opção segura pelo eleitorado, especialmente em tempos de incerteza. A preferência por gestores “experientes” é evidente: 44,6% dos prefeitos foram reconduzidos aos seus cargos no Brasil.

O caminho para uma verdadeira renovação passa por criar um ambiente político mais acessível, onde novas ideias possam florescer sem que os partidos tradicionais monopolizem o debate e os recursos. No entanto, é preciso reconhecer que a recondução, quando associada a boas gestões, também tem seu papel, e o eleitor mostrou, mais uma vez, um perfil moderado e adepto da continuidade.

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