Como o turnover impacta as finanças da sua empresa
A rotatividade de colaboradores é muitas vezes tratada como um fenômeno normal e inevitável. No entanto, precisamos enxergar o turnover para além da sua espontaneidade, sob uma nova ótica: uma questão que pode impactar negativamente nossa economia. O Brasil lidera o índice de rotatividade de funcionários em todo o mundo, com uma taxa alarmante de 56%, segundo um estudo realizado pela Robert Half com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esse número não é apenas uma estatística preocupante, é um reflexo de uma das maiores causas da perda de produtividade no País.
Com uma taxa anual de aproximadamente 50%, a cada dois anos, 100% da população economicamente ativa está trocando de emprego. Isso desestabiliza as empresas, prejudicando o aprendizado de médio e longo prazo que são fundamentais para a inovação e a solução de problemas. Sem esse conhecimento acumulado, a capacidade da economia brasileira de crescer se torna limitada. Menos renda e melhora da qualidade de vida.
Embora o turnover seja um tema frequentemente abordado por economistas, especialmente no contexto industrial, é crucial que ele se torne uma prioridade central nos departamentos de recursos humanos (RH) de todas as organizações. Quanto mais pessoas deixam uma organização, mais outras tendem a seguir o mesmo caminho, criando um ciclo vicioso de insatisfação e abandono.
Conduzi um estudo que demonstrou que a ineficiência de uma unidade industrial estava 91% das vezes correlacionada com a perda de lideranças. Isso ilustra como a saída de funcionários-chave pode devastar a produtividade de uma organização. Transpondo essa estatística para o cenário nacional, podemos afirmar que boa parte do declínio industrial do Brasil se deve ao turnover. E esse fenômeno não se restringe à indústria, sendo igualmente relevante para todos os setores.
O turnover é aceito e associado à insatisfação das novas gerações. No entanto, casos de sucesso mostram que é possível controlar a rotatividade e transformá-la em uma vantagem competitiva. Culpar as gerações é distorcer a realidade dos fatos.
O ponto mais fundamental sobre tudo isto é entender as necessidades das pessoas. A teoria da motivação humana de Maslow, com suas cinco camadas de necessidades (fisiológicas, de segurança, de pertencimento, de reconhecimento e de autorrealização), é um excelente ponto de partida. É importante, porém, lembrar que as necessidades das pessoas variam constantemente, sendo necessária, uma abordagem holística, adaptável e de escuta e diálogo permanentes.
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