Giro pelo mundo

O fim de uma guerra: de Donbas, Ucrânia, ao Brasil

País que tem mais de 500 mil ucranianos e seus descendentes vivendo em solo brasileiro

O término de uma guerra, algo que o Brasil felizmente não conhece, cessa com um acordo em que ninguém é vencedor, e continua muito depois, mas muito mesmo, com sequelas psicológicas e físicas dos que combateram e suas famílias, além da reconstrução do país.

A invasão russa da Ucrânia pode no seu primeiro passo terminar com um acordo patrocinado pelos EUA diretamente com a Rússia, com notória marginalização dos europeus, nas próximas semanas. A tentativa, em agosto, com o encontro entre Trump e Putin, continua e cada vez mais está aparecendo o fato notório de que a Ucrânia, sem apoio dos EUA, não consegue derrotar a Rússia, que os europeus arcam com o custo da guerra para além da sua capacidade financeira e que também a Rússia, mesmo perdendo milhares de soldados, resistiu, com apoio da China, às sanções e à pressão do Ocidente e conquistou 20% do território ucraniano.

E é aí que o gato torce o rabo: Donbas. A conquista desse território enfraquece a Ucrânia e sua capacidade econômica fatalmente e reforça a economia russa. Donbas é a São Paulo da Ucrânia. Indústria siderúrgica, química, tratores, minas de carvão e minerais, tudo isso sai da Ucrânia e fica com os russos. E mais, acessos estratégicos pelo Mar Negro para a Crimeia, já anexada antes pela Rússia, completando uma rota logística fundamental para o fortalecimento russo e o enfraquecimento futuro da Ucrânia.

Se a isso somarmos que Trump já fez um acordo com a Ucrânia para que os EUA participem da exploração de minerais críticos, a pergunta é como fica a reconstrução da Ucrânia após a guerra. Os planos já estão feitos e vão requerer um trilhão de dólares. Parte desse financiamento vem dos fundos congelados russos, empréstimos europeus e Banco Mundial. De fato, a Europa vai parar de investir em guerra, para investir em desenvolvimento. E a Rússia volta ao mundo, talvez até para o G8, sem sanções e fortalecida.

No Brasil, que tem mais de 500 mil ucranianos e seus descendentes vivendo aqui, vai-se retomar o comércio de fertilizantes e produtos siderúrgicos e voltar a exportar, dos atuais 50 milhões de dólares, para atingir o limite de pré-guerra de 250 milhões. Mas, a guerra da Ucrânia, do ponto de vista militar, mudou totalmente o modo de guerrear. Drone. E segundo o jornal o Estado de São Paulo, os ucranianos já estão ensinando ao exército brasileiro a guerra com drones, em que aparentemente estamos bem atrasados. A Ucrânia também era o celeiro do mundo e o fornecimento de trigo para Brasil, além de fertilizantes, para o que hoje dependemos da Rússia, deve voltar a ser importante. Em resumo, fim do conflito, que custou milhões de vidas, 4 milhões de ucranianos deixaram o país, trilhões de dólares, vai reorganizar a geopolítica mundial, mas terá efeitos profundos nas relações econômicas, principalmente na Europa, que ficou sem gás russo. Tudo mudou.

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