Giro pelo mundo

O mundo com certa paz e com regras para o comércio internacional não existe mais

Ataque tarifário à economia brasileira é um dos exemplos mais recentes

Ninguém mais pode ter dúvida de que a economia global, turbinada por decisões geopolíticas como conflitos armados, em especial no conturbado Oriente Médio, pelo crescimento e consolidação das economias asiáticas e pela beligerância da Rússia, com a invasão, primeiro da Crimeia e depois da Ucrânia, mudou, junto com novo governo dos EUA, de forma definitiva. O mundo de ontem, no qual vivemos com certa paz e com o comércio internacional sob regras conhecidas e às vezes respeitadas, não existe mais.

O ataque tarifário à economia brasileira é um fato. Discutir as razões e procurar os culpados não esconde uma nova realidade, crua e nua: a nossa economia estará, independentemente dos resultados e do tempo, prejudicada. Amenizar a situação para não criar pânico é coisa do governo. Achar os culpados também, mesmo que seja incrível que numa especulação cambial, aberta e pública, ou seja, um ataque ao real, tenham falhado os instrumentos de controle, que para você trocar 10 dólares funcionam perfeitamente. E a lista de “maldades” que podem vir não se esgotou, como, por exemplo, as que podem atingir 2 milhões de brasileiros nos Estados Unidos.

Essa nuvem tarifária tóxica, que cada dia muda o tempo e a temperatura e para a qual os instrumentos meteorológicos econômicos e políticos não funcionam, é uma realidade difícil de aceitar. Depois da tempestade vem a bonança. Ilusão. Há que se preparar tanto em termos macropolíticos como econômicos para tempos diferentes, aliás já estamos atrasados, a começar pelas empresas.

Para os políticos, a situação pode servir para fins bem distintos e diferentes, inclusive como cortina de fumaça, do que para os empresários. É sonho de verão que não seremos afetados. Não sabemos quanto e temos medo da realidade. É balela a procura de novos mercados, porque todos estão procurando novos mercados. E não temos, segundo Rostoff, novos produtos para novos mercados. O nosso “novo” mercado é o Brasil, onde a população, com a ajuda do governo, joga mais dinheiro nas apostas e tem facilidade de se endividar com juros absurdos. Com a fuga de investimentos produtivos, como a de uma Stelantis, que não vai investir mais aqui se perdeu no último trimestre quase 3 bilhões de dólares (e não foi a única), temos que estimular a poupança e o investimento e crescer nossa produtividade. Principalmente no setor público, que é o maior custo para as empresas.

Incrivelmente, muito se discute o que o governo, que já mostrou o que é capaz de fazer, em especial ao usar esse evento externo, não só ao aumentar os impostos, criar mais obstáculos através de mudanças nas relações de trabalho etc.etc, fará. Mas a hora, desculpe a repetição, é de cada um rever a percepção que teve há apenas poucos meses do seu negócio, para o futuro. Seu negócio é que o importa e nada mais. Salve-se quem puder!

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