Pensando o Futuro

A corrida militar por inteligência artificial

Um novo conceito surge com uma guerra de IA, quântica, cibernética e eletrônica

Vivemos hoje uma corrida pelo desenvolvimento da inteligência artificial (IA). Parte desse esforço é visível em empresas e produtos, mas outra segue oculta nos orçamentos militares. O cenário lembra o Projeto Manhattan, da Segunda Guerra, embora os desfechos possam ser ainda mais complexos.

Na época, físicos americanos alertaram Roosevelt sobre a possibilidade de uma arma nuclear e o risco de os alemães chegarem antes. Isso levou à criação do Projeto Manhattan. No fim, o programa alemão estava atrasado e foi sabotado, mas a corrida nuclear prosseguiu, resultando em arsenais que permanecem ativos até hoje.

Hoje, o paralelo é o risco de surgimento de uma IA militar capaz de invadir e neutralizar arsenais ou infraestrutura inimiga. Essa possibilidade, ainda que teórica, leva potências como Estados Unidos e China, além de outras nações, a investir em software, hardware (chips e placas de processamento) e capital humano. Toda a cadeia de produção precisa ser controlada por razões de segurança estratégica.

É possível que tal arma nunca se concretize ou que defesas cibernéticas e barreiras físicas impeçam danos de grande escala. Mas nenhum país pode correr esse risco. Por isso, os governos se veem obrigados a perseguir esse “fantasma”, ao mesmo tempo em que criam salvaguardas físicas: sistemas desconectados da rede, barreiras de decisão com presença humana (man-in-the-loop) e mecanismos mecânicos como chaves, códigos e alavancas que só podem ser operadas manualmente.

A comunicação quântica, imune à interceptação, pode vir a oferecer proteção adicional, mas ainda é incipiente. Enquanto isso, cresce a tendência de sistemas militares menos integrados, com operações independentes, o que gera novos desafios de Comando e Controle (C2).

Uma IA avançada, potencializada por futuros computadores quânticos, poderia se tornar uma arma decisiva contra sistemas vulneráveis. Surge assim um novo conceito: guerra de IA, quântica, cibernética e eletrônica, reconhecendo que o avanço da IA está entrelaçado a outras frentes tecnológicas.

Como no caso do Projeto Manhattan, que gerou usos civis como a energia e a medicina nuclear, esse desenvolvimento militar de IA também deve trazer aplicações de impacto na economia. Ainda que imprevisíveis, elas tendem a transformar diversos setores e, no balanço final, o efeito da corrida pode ser positivo.

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