Projeto Preserva

A ciência já sabe quais são as soluções ambientais que funcionam. Onde elas estão?

Mapa de Soluções Ambientais do Projeto Preserva reúne iniciativas reais de conservação, restauração e produção sustentável em Minas Gerais
A ciência já sabe quais são as soluções ambientais que funcionam. Onde elas estão?
Foto: Freepik

Quando a terra volta a respirar, as comunidades também respiram. No território Xakriabá, no Norte de Minas, o Projeto Hamhi Terra Viva mostra como a regeneração ambiental pode caminhar junto da autonomia das famílias.

A iniciativa recupera áreas degradadas com sistemas agroflorestais inspirados na ciência e no manejo tradicional do Cerrado. A cada talhão plantado, árvores nativas como pequi, jatobá e baru se misturam a cultivos alimentares, formando roçados biodiversos que restauram o solo, ampliam a oferta de alimentos e fortalecem a relação dos Xakriabá com o território.

O projeto integra o Mapa de Soluções Ambientais do Projeto Preserva, que reúne iniciativas reais de conservação, restauração e produção sustentável em Minas Gerais.

O Mapa de Soluções Ambientais é uma ferramenta pública que identifica e divulga ações ambientais conduzidas por coletivos, propriedades rurais, organizações sociais e comunidades tradicionais. A plataforma fortalece quem já atua na base, amplia visibilidade para soluções locais e oferece uma referência confiável para pesquisadores, empresas, governos e jornalistas interessados em entender como Minas enfrenta a crise climática.

As soluções mapeadas seguem categorias reconhecidas pelo IPCC, o painel científico da ONU para o clima, que aponta caminhos capazes de reduzir emissões ou aumentar resiliência. Entre essas soluções estão a restauração de biomas, os sistemas agroflorestais, jardins de chuva, infraestrutura verde, tetos verdes e outras medidas de SbN, soluções baseadas na natureza. Por isso, o Mapa de Soluções não é apenas um inventário. Ele está alinhado ao que a ciência climática recomenda como resposta urgente para proteger água, solo, biodiversidade e comunidades.

Diversos projetos já fazem parte desse ecossistema. O Projeto TamanduASAS atua na pesquisa, reabilitação e reintrodução de tamanduás no estado, unindo ciência e conservação da fauna. Em Itamonte, o Projeto Carbono desenvolve plantios para recuperação de áreas degradadas na Serra da Mantiqueira, com foco no aumento de carbono no solo e na reconexão de fragmentos florestais. No Parque Estadual do Rio Doce, o programa de educação ambiental Tem Bicho no Parque aproxima crianças e jovens da fauna nativa e fortalece o vínculo das comunidades com o território.

São exemplos que mostram como a restauração pode ser produtiva, socialmente relevante e economicamente viável. Investir em soluções ambientais é mais urgente do que nunca. A COP30, encerrada em Belém sem o compromisso global de abandonar os combustíveis fósseis, expôs novamente a distância entre o discurso climático e a ação efetiva.

Enquanto as grandes decisões não avançam na velocidade necessária, a soluções locais já mudam a realidade de comunidades e cidades e favorecem a adaptação dos lugares mais sofrem com o aquecimento da Terra. Investir nessas soluções é preparar Minas Gerais e o país para um futuro climático mais seguro, diverso e vivo.

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