Ana Cecília Carvalho toma posse na Academia Mineira de Letras
Eleita para a cadeira de número 36 na sucessão de Aloísio Garcia, Ana Cecília Carvalho toma posse nesta sexta-feira (8), às 20h, na Academia Mineira de Letras (AML), sendo a décima primeira mulher a ocupar uma cadeira na Casa de Alphonsus de Guimaraens e de Henriqueta Lisboa. Escritora desde muito jovem, Ana ganhou o Prêmio Cidade de Belo Horizonte (em 75 e em 85) e o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília (em 91), e foi finalista do Jabuti, em 93. Contista por excelência, estreou com “Livro de Registros”, de 76, a que se seguiram “Trilha sonora para o capitão no sonho” e “Uma mulher, outra mulher”. Mais tarde, assinou a aclamada “Trilogia da Inquietude”, lançada entre os anos de 2017 e 2019 pela excelente Editora Quixote + Dô, quando, de modo premonitório, desenhou o quadro de crispação de tonalidade fascista que viria a se implantar logo depois na sociedade brasileira. Interessada nos limites que a natureza humana frequentemente viola, a autora construiu personagens sem medo de praticar a maldade e a perfídia, esboçando retrato eficiente dos dias atuais.
Ensaísta qualificada, Ana Cecília Carvalho publicou diversos artigos sobre as relações entre a Literatura e a Psicanálise em revistas especializadas. Sua tese de Doutorado, defendida na UFMG sob a orientação da professora Ruth Silviano Brandão, já ganhou duas edições de alto padrão e foi intitulada “A poética do suicídio em Sylvia Plath”. Nela, Ana elaborou o conceito de ‘toxidez da escrita’, traduzido com a ajuda dessa frase: se a escrita pode ser remédio, também pode ser veneno…
A literatura para crianças e jovens também mereceu as atenções de Ana. Com Robinson Damasceno dos Reis, ela publicou cinco títulos, todos pela Editora Formato: “Pedrinho dá o grito”, “Policarpo – o inseto desclassificado”, “Papagaios!” (que recebeu o selo de Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), “O ourives sapador do pólo norte – como fazer pesquisas e anotar informações” e “O mundo do meu amigo – o encontro de dois meninos, um do campo, outro da cidade”.
Com “O livro neurótico das receitas”, editado pela Ophicina de Arte & Prosa, em 2012, Ana Cecília Carvalho ensinou os leitores a preparar cinquenta pratos, todos com nomes divertidíssimos, como os “bolinhos obsessivo-compulsivos de frango”, a “torta culpada de palmito” e o “salmão narcisista”.
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A chegada de Ana Cecília Carvalho à AML é motivo de festa. Ela fortalece a presença feminina na instituição e estimula outras mulheres a também apresentarem seus nomes para o quadro social da instituição, no futuro. Afinal, em Minas, mulheres talentosas é o que não falta!
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