Comemoração do centenário de Janete Clair terá relançamento do romance ‘Nenê Bonet’
Filha de um comerciante libanês e de uma costureira de origem ítalo-portuguesa, Janete Clair nasceu na cidade de Conquista, no Triângulo Mineiro, em 25 de abril de 1925. Mudando-se com a família para Franca, no interior de São Paulo, logo começou a interpretar, na rádio local, canções em francês e em árabe. Mais tarde, já na capital paulista, foi locutora e rádio-atriz, ocasião em que conheceu o futuro marido, o dramaturgo Dias Gomes, que a incentivou a escrever suas primeiras radionovelas. A primeira foi “Perdão, meu filho”, exibida pela Rádio Nacional em 1956.
Estimulada pela boa acolhida do público, passou a criar histórias para a tevê. Primeiro para a Tupi (“O acusador” e “Paixão proibida”), depois para a Itacolomi, de Belo Horizonte, onde passou uma temporada, quando assinou “Estrada do Pecado”. Na TV Rio, foi dela a adaptação de “A herança do ódio”, texto de Oduvaldo Vianna. Na Rede Globo desde 1967, foi a responsável pelos maiores sucessos de audiência da emissora, num tempo em que as novelas ainda eram uma mania e um vício nacionais e em que não havia a concorrência dos celulares, da internet, das redes sociais e dos serviços de streaming.
A década de setenta foi marcada pela sua sedutora teledramaturgia, capaz de despertar as atenções de todo o país. São de Janete os “Irmãos Coragem”, “Selva de Pedra”, “Pecado capital”, “O astro” (Quem matou Salomão Hayalla?) e “Pai herói”. Primeira-dama do folhetim, a autora sabia, como ninguém, construir enredos que entrelaçavam dramas familiares, amores interditados pelas regras sociais, disputas de poder, casos policiais, mistérios intrincados e os sentimentos mais típicos do ser humano: a inveja, o medo, a raiva, a paixão… Generosa, Janete ainda ajudou a geração seguinte a dar os primeiros passos no ofício e na arte de inventar tramas para a telinha, fato sempre relembrado pelo mais brilhante de seus sucessores, o carioca Gilberto Braga.
Quando o Brasil se mobiliza para celebrar o centenário de seu nascimento, a boa notícia é o relançamento do único romance escrito por Janete: “Nenê Bonet”.
Originalmente lançado em 1980, ele conta a história de Ernestina (Nenê), filha única de uma rica família da aristocracia rural do Rio de Janeiro na década de vinte. A obra acompanha a jornada da protagonista, desde a posição submissa ao marido até o ponto de sua libertação sexual e emancipação pessoal. Mais uma bela oportunidade para revisitar o belo legado de Janete, artista amada por milhões de brasileiros.
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