Coletânea de contos homenageia centenário de Dalton Trevisan
Nascido em Curitiba, em 14 de junho de 1925, e falecido naquela cidade, em 9 de dezembro de 2024, Dalton Trevisan dedicou a vida à literatura, havendo publicado mais de cinquenta livros. Um dos melhores contistas brasileiros de todos os tempos (ao lado, entre outros, de Sérgio Sant’anna e Luiz Vilela), venceu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Camões, em 2012.
Entre suas obras mais conhecidas, figuram “Novelas nada exemplares” (1959), “Cemitério de elefantes” (1964), “O vampiro de Curitiba” (1965) e “Violetas e pavões” (2009). Famoso por sua reclusão e por nunca falar com jornalistas ou atender à imprensa, era visto somente em seus discretos passeios pela capital paranaense, de boné e óculos escuros, invariavelmente à procura de personagens, cenas, enredos e ideias para a sua produção literária. Não foram poucas vezes em que seus textos beberam em fontes como as histórias que ouvia nas ruas curitibanas, em suas praças e parques, em seus bares e em suas agências lotéricas. Relatos policiais e processos judiciais também deram ao escritor valiosos insumos para a sua criação, o que também se passou com diferentes produtos da chamada indústria cultural, como as fotonovelas, os programas de rádio, a propaganda e a publicidade…
Retratista do cotidiano mais mesquinho e monótono, Dalton deu voz e corpo a seres completamente desprovidos de qualquer tipo de poder, beleza ou importância. Sua literatura é caracterizada, ainda, por compor engenhoso painel das relações conjugais, “a eterna briga entre João e Maria”, como alguns dos estudiosos de seus contos preferem falar.
Para homenagear o seu legado, organizei, pela Autêntica Editora (da excelente Rejane Dias), uma coletânea de contos em diálogo com a obra de Dalton, escritos por treze dos mais importantes contistas brasileiros da atualidade: Adelaide Ivánova, Ana Elisa Ribeiro, Caetano Galindo, Carlos Marcelo Carvalho, Cristhiano Aguiar, João Anzanello Carrazcosa, Luci Collin, Luís Henrique Pellanda, Marcelino Freire, Mateus Baldi, Noemi Jaffe, Rogério Pereira e Verônica Stigger. O livro já está praticamente pronto e deve ser lançado em maio. O resultado me agradou muito: todos os textos captaram, com requinte e perspicácia, aspectos fundamentais do legado daltoniano, promovendo uma excelente conversa com a sua literatura, mais atual que nunca. Em breve, nas melhores casas do ramo…
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