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Memória intelectual de Minas: confira como foi o lançamento da nova edição da Revista da AML

Publicação homenageia o romancista, dramaturgo e compositor Chico Buarque de Holanda

Com quatrocentas e trinta e seis páginas, o volume 84 da Revista da Academia Mineira de Letras (AML) foi lançado no último sábado (30), na sede da rua da Bahia, em sessão que contou com a presença da ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, irmã do romancista, dramaturgo e compositor Chico Buarque de Holanda, homenageado pela publicação, por conta de seus 80 anos, com um dossiê temático especial, organizado pela professora Ana Maria Clark Peres e por mim.

Com treze ensaios assinados por especialistas, ele explora as múltiplas facetas da atividade artística do autor, um dos nomes mais importantes da cultura brasileira no século XX. Ao mesmo tempo popular e erudita, a obra de Chico também consegue conjugar, com maestria, o lírico e o político. Contundente e corajosa, sua produção ganhou ainda mais importância durante a ditadura militar, com canções como “Pedro Pedreiro” (1966), “Construção” (1971), “Maninha” (1977) e “Apesar de você” (1978), entre tantas outras.

Entre os ensaistas do dossiê: Adélia Bezerra de Meneses, Alexandre Faria, Ana de Hollanda, Antonieta Cunha, Bruno Viveiros Martins, César Birschner Lira, Maria Beatriz Cyrino Moreira, Elen de Medeiros, Guilherme Tauil, Mazé Torquato Chotil, Paulo Teixeira Iumatti, Ronaldo Werneck, Sérgio Laia e Sylvia Helena Cyntrão.

Na cerimônia, lembrei a todos que Chico e Anna são bisnetos de Cesário Alvim (o “bisavô mineiro” a que ele se refere na canção ‘Paratodos’, de 1993). Presidente de Minas por duas vezes (ainda no século XIX), Alvim foi dono da Fazenda Liberdade, visitada por Dom Pedro II, de quem era amigo, e mencionada pelo monarca em seus diários. O imperador anotou: “na lavoura, somente braços livres”. Não é de hoje, portanto, o compromisso da família com a emancipação humana…

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Com versão digital integralmente disponível em seu site na internet, sem custos, o número 84 ainda traz os discursos de posse e de recepção aos novos membros da Casa de Alphonsus de Guimaraens e de Henriqueta Lisboa: Carlos Herculano Lopes, Ricardo Aleixo e Paulo Sérgio Beirão. Prestes a completar 115 anos, a AML cumpre, assim, mais uma vez, uma das suas tarefas centrais: a de preservar a memória intelectual de Minas, em perspectiva sempre alinhada ao que há de mais contemporâneo e favorável à expansão, entre nós, dos valores humanistas.

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