Conheça o novo livro de Nicolas Behr
Nascido em Cuiabá, no Mato Grosso, em 1958, Nicolas Behr morou parte da infância numa fazenda em Diamantino, ao norte do mesmo estado. Foi quando desenvolveu uma relação decisiva e fundamental com a natureza, o que, mais tarde, influiria nos rumos de sua vida. Mudando-se para o Distrito Federal em 74, lá fundou o Move (Movimento Ecológico de Brasília) e o Clube de Observadores de Pássaros. Mais tarde, foi um dos dirigentes da Fundação Pró-Natura, instituição cujo trabalho levou à criação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Desde 92, Nicolas é dono de um viveiro de plantas, o Pau-Brasília, onde comercializa mudas de espécies nativas do cerrado, bioma pelo qual é apaixonado e ao qual dedicou seu mais recente livro, “Encerrado” (Impressões de Minas, 95 páginas). O volume será lançado em BH, neste sábado, a partir das 16 horas, na sede da editora, à rua Bueno Brandão, número 80, no bairro da Floresta, com a presença de Nicolas.
Na “orelha”, o jornalista Carlos Marcelo relembra o começo da trajetória poética do autor, ainda nos anos 70, como um dos representantes da chamada “Geração Mimeógrafo”, conhecida por escrever, imprimir e vender seus próprios poemas pelas ruas da cidade. Entre seus primeiros lançamentos, ainda nessa época, títulos como “Iogurte com farinha” e “Chá com porrada”. Um de seus melhores amigos, o mineiro Chico Alvim, poeta e diplomata, relembra, em depoimento publicado em 2004, no livro “Eu engoli Brasília”, de Carlos Marcelo, como era Nicolas quando o conheceu: “Ele era um foguete. Nem tinha entrado na vida e já tinha uma poesia de grande complexidade: a noção de ritmo, o arrojo, o espírito crítico, a angústia”.
Em “Encerrado”, Nicolas preserva e expande suas qualidades como autor, explorando as várias possibilidades do tema escolhido para a obra, o cerrado brasileiro, e, sobretudo, o seu estado atual, de profunda e terrível degradação. A furiosa e irresponsável atuação humana sobre o bioma não escapa ao seu olhar arguto e sensível, capaz de unir a desolação à desesperança, num cenário em que não há horizontes: “qual rumo tomar? / em que direção crescer? / depois do nó, como seguir? / a árvore se dobra sobre a própria dor.” Em outro ponto, a sentença não deixa saída: “morreu/secou/acabou/o fogo da palavra/ extinguiu-se/ a alma do cerrado/ queima para sempre”. Depois da seca e do fim, o que se anuncia é o poema “Agroboy”: olha para mim/ como quem só consegue/ ver plantios de soja”.
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