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Nos 85 anos de Teolinda Gersão, conheça a obra da escritora portuguesa

Natural de Coimbra, autora prosseguiu seus estudos em Berlim, onde também foi leitora de Língua Portuguesa

Uma das mais notáveis escritoras portuguesas celebra, nesse 2025, seus 85 anos. Nascida em Coimbra, onde se graduou em Letras, Teolinda Gersão prosseguiu seus estudos em Berlim, onde também foi leitora de Língua Portuguesa. De volta a seu país, fixou-se na capital, passando a lecionar Literatura Comparada e Literatura Alemã. Formou gerações. Em 95, aposentou-se para dedicar-se exclusivamente à sua escrita. Estreara em livro em 81, com o ótimo “O silêncio”, em que já tematizava as questões do apagamento do feminino e da voz da mulher. Cidadã do mundo, viveu algum tempo em Moçambique e dois anos em São Paulo.

A temporada na África rendeu um dos livros mais belos da autora: “A árvore das palavras” (Editora Planeta do Brasil, 2004), uma verdadeira homenagem ao continente e ao seu povo, suas tradições e seus costumes. Encantados, os leitores acompanham, em sedutora prosa poética, a trajetória da protagonista Gita no convívio com sua mãe branca, portuguesa, de nome Adélia; com sua mãe preta, Lóia, e com seu pai, Laureano, numa Lourenço Marques (hoje Maputo) fascinante e surpreendente.

Traduzida em vários idiomas e publicada em mais de vinte países, a obra de Teolinda já foi adaptada para o teatro e para o cinema e mereceu prêmios importantes, como o Grande Prêmio de Ficção do Pen Clube. Outros de seus livros também já lançados no Brasil são “A cidade de Ulisses” (Oficina Raquel, 254 páginas), “Alice e outras mulheres” (Oficina Raquel, 171 páginas) e “O regresso de Julia Mann a Paraty” (Oficina Raquel, 123 páginas). O primeiro deles, um romance bastante elogiado pela crítica, é um tributo à capital portuguesa, cuja fundação é atribuída, em uma lenda, ao personagem fictício Ulisses, de Homero. O segundo é uma deliciosa coletânea de contos sobre mulheres de diferentes origens, trajetórias e destinos, que li com prazer.

O terceiro, elegante e sofisticado, está dividido em três partes. Na primeira, Freud escreve cartas a Thomas Mann. Na segunda, o escritor alemão se corresponde com o pai da psicanálise. A terceira parte é dedicada à sua mãe, Julia, nascida em Paraty, no estado do Rio, onde viveu até os oito anos.

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O mais recente livro de Teolinda, no entanto, ainda não circula no Brasil. Lançado em 2024, “Autobiografia não escrita de Martha Freud” lança luzes sobre a mulher de Sigmund, retirando-a da obscuridade em que a história sempre a meteu. Aguardamos, então, com ansiedade, a edição brasileira!

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