Conheça a trajetória do escritor mineiro Benito Barreto
Falecido na última segunda-feira, dia 17 de março, Benito Barreto nasceu em Dores de Guanhães, no interior do estado, na Fazenda da Guarda, que pertencia à sua família. Estudou em Conceição do Mato Dentro e, aos dezesseis anos, mudou-se para Belo Horizonte, passando a estudar no famoso Ginásio Mineiro, na época dirigido por Heli Menegale. Ainda bem jovem, começou a militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que o levou até a morar no sertão da Bahia, por algum tempo, envolvido com as atividades políticas. De volta à capital, atuou intensamente na imprensa e deu continuidade à sua bela carreira literária.
Sua estreia em livro ocorreu em 1962, com a publicação de “Plataforma vazia”, lançado pela Editora Itatiaia, dos irmãos Edison e Pedro Paulo Moreira. A obra ganhou o prestigiado prêmio “Cidade de Belo Horizonte”. O volume foi o primeiro da tetralogia a que Benito deu o nome de “Os guaianãs”. Os seguintes foram: “Capela dos homens” (1968), ganhador do Prêmio Walmap, “Mutirão para matar” (1974) e “Cafaia” (1975). Os quatro narram a saga de uma guerrilha nos sertões baianos e mineiros, nas décadas de sessenta e setenta.
Romancista de fôlego, Benito ainda organizou uma segunda tetralogia, “A saga do caminho novo”, em que recriou a Inconfidência Mineira. Ela foi composta por “Os idos de maio” (2009), “Bardos e viúvas” (2010), “Toque de silêncio em Vila Rica” (2011) e “Despojos: a festa da morte na corte” (2012), de que transcrevo trecho relativo à execução do Tiradentes: “Algum tempo fica ainda o enforcado balançando-se na corda, para todo mundo o ver e dar testemunho de sua morte, como a sentença determina e os usos recomendam. Para exemplar, por escarmento – como trovejara, ainda havia pouco, em seu sermão, o Guardião do Convento – e nunca mais ninguém, em estas terras do Brasil, reincidir em rebeldias e pruridos de independência, contra Deus, o Rei e o Reino de Portugal!”
Eleito para a Academia Mineira de Letras em 2014, Benito Barreto foi o titular da cadeira de número 2, tendo como patrono Arthur França, e ocupada, anteriormente, por Aldo Delphino, José Oswaldo de Araújo e Soares da Cunha. De trato sempre cordial e ameno, fará muita falta a seus amigos. E à literatura brasileira, que ele soube honrar tão bem.
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