A força e a presença das mulheres na literatura de Minas Gerais
Por ocasião do Mês Internacional da Mulher, vários meios de comunicação têm destacado a força da presença feminina em todos os campos da atividade humana. No que tange à Literatura, e, sobretudo, à que é feita em nosso estado, a potência das mulheres é máxima. Quem teve Henriqueta e Alaíde Lisboa, Maria José de Queiroz, Lacyr Schettino, Maria Lúcia Alvim, Maura Lopes Cançado, Janete Clair e Carolina Maria de Jesus tem motivos de sobra para celebrar.
Minas Gerais, no entanto, não vive apenas de seu passado glorioso. A produção literária contemporânea de autoria feminina em nosso estado é, certamente, uma das mais importantes do país. Ganhadora dos prêmios Camões e Machado de Assis, da ABL, Adélia Prado continua a escrever e a publicar, sendo amada e respeitada por todos os brasileiros. Em breve, lança novo livro. Conceição Evaristo também permanece ativa, prometendo, para breve, volume de textos eróticos. Carla Madeira bate o recorde nacional de um milhão de exemplares vendidos e amplia, agora, carreira internacional, por Portugal e pela Itália.
Servidora da Assembleia Legislativa, a discreta Ana Martins Marques já tem seu nome assegurado no seleto grupo das mais refinadas poetas do país. Maria Esther Maciel também prepara livro novo, com publicação prevista para o começo do segundo semestre. Ana Elisa Ribeiro, incansável, une a intensa produção poética à prosa de qualidade. É uma das autoras da coletânea de contos sobre o paranaense Dalton Trevisan que organizei para a Autêntica Editora e que virá à luz em maio, um mês antes do centenário do ‘vampiro de Curitiba’.
Hoje, no entanto, destaco dois nomes que apareceram há pouquíssimo tempo e que já chamam a atenção de quem gosta da alta literatura: a socióloga Ana Cristina Braga Martes, de Varginha, que assina o excelente “Sobre o que ainda não falamos” (Editora 34, 2023, 199 páginas), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2024, e a juíza Silvia Paiva Ramos, de Juiz de Fora, que escreveu o romance “Quem será contra nós?” (Editora Reformatório, 244 páginas). O primeiro é sobre uma pré-adolescente criada pelos avós em uma cidade pequena, numa casa cercada por segredos. O segundo conta a história de Cristina, cuja vida muda radicalmente quando os pais entregam tudo o que têm a um pastor e vão morar em uma fazenda em local remoto. Ambas provam o vigor da nossa literatura e como ela consegue se renovar, sem perder o viço e o nível. Algo raro.
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