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O legado potente e perene de Alphonsus de Guimaraens na poesia brasileira

Fundador da cadeira de número 3, escritor é o patrono da Academia Mineira de Letras

Falecido em 15 de julho de 1921, em Mariana, Alphonsus de Guimaraens deixou legado potente e perene no quadro da poesia brasileira. Fundador da cadeira de número 3, é o patrono da Academia Mineira de Letras, a AML, sendo sempre lembrado, com grande saudade, pelos seus membros, em todos os tempos.

No discurso de recepção a Agripa de Vasconcelos, segundo ocupante da cadeira de número 3, disse Carlos Góis, fundador da cadeira de número 11, ainda no começo da década de vinte do século passado, a respeito da então recente morte de Alphonsus: “É de ver quanto a Academia sangrou, e sangra ainda, dessa perda, que vem desfalcar-lhe o patrimônio mental de um de seus maiores cabedais. Não fosse a circunstância de que as escolas passam, de que os gêneros literários se renovam, de que novos padrões e moldes novos se superpõem a outros – e teríamos como impreenchível a vaga que se abriu em seu seio.”

Em outro ponto do texto, acrescenta Carlos Góis: “Morreu Alphonsus de Guimaraens, mas todos nós, seus companheiros de jornada, que ainda trazemos na face o vinco do pesar com que pranteamos sua sideração, todos nós recolhemos e conservamos um pouco dessa sua irradiação genial, e com essa sementeira, que irá frutificar em nossos trabalhos – a sua personalidade subsistirá, fragmentada e dispersa, diluída e esparsa, a palpitar, póstuma e rediviva, imperecível e eterna”.

É do acadêmico Cyro dos Anjos, primeiro sucessor da cadeira de número 1, o seguinte depoimento sobre o autor de “Ismália”: “O descobrimento de Alphonsus marcou uma época na nossa vida. Para nós, líricos de 1923, Alphonsus era o único poeta possível. Só Alphonsus nos proporcionava os imponderáveis poéticos de que nossa substância espiritual necessitava”.
Disse Guilhermino César, primeiro sucessor da cadeira de número 28: “Foste sempre contemporâneo, atual. Na geografia poética do Brasil, tu serás sempre um acidente único, porque foste o equilíbrio da nossa terra mediterrânea”.

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Em épocas mais recentes, Oscar Dias Correa e Ângelo Oswaldo de Araújo Santos também escreveram páginas importantes sobre Alphonsus, cuja luz continua a iluminar e a inspirar os caminhos da Academia, a que também pertenceram João Alphonsus e Alphonsus de Guimaraens Filho e a que pertence, com grande alegria para o quadro social da instituição, o seu neto Afonso Henriques Neto, poeta de alta qualidade, na melhor tradição de sua sólida linhagem.

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