O merecido título de cidadão de Belo Horizonte concedido a Carlos Bracher
Nascido em Juiz de Fora, em 1940, Carlos Bracher conquistou o Estado e o País com seu traço vigoroso, criativo e sua imensa paixão pelo que faz, marcas de um trabalho respeitado em várias partes do planeta, tanto pelo público quanto pela crítica especializada, o que se comprova pelos mais de dez livros editados sobre sua obra, agora prestes a ganhar nova série, intitulada “Belo Horizonte”. O amor do artista por Beagá não é novo, o que foi finalmente reconhecido nessa semana, quando Bracher recebeu o título de cidadão honorário da capital mineira, na sede da Câmara Municipal, em cerimônia a que também compareceu o acadêmico Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.
Em sua fala, Bracher relembrou seus anos de formação e o ambiente democrático, inclusivo e sem preconceitos em que foi criado. Os pais, Hermengarda e Waldemar, bem à frente de sua época, mantinham o tempo inteiro abertas as portas da casa (o famoso “Castelinho”), recebendo amigos, sobretudo do universo cultural, sem qualquer restrição ou censura. Foi aí que Bracher conheceu Fani, também pintora de alta qualidade, com quem acabou se casando e tendo as filhas Larissa e Blima.
Depois de relembrar o período passado na Europa, como ganhador, em 1967, do “Prêmio de viagem ao estrangeiro” do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Bracher falou sobre o retorno ao Brasil e a decisão de morar em Ouro Preto, onde continua a pintar intensamente no movimentado ateliê que leva o seu nome. Na mesma intervenção, ainda fez importante reflexão sobre o papel da arte na sociedade contemporânea, ressaltando o quanto a existência não faz sentido sem ela. “A vida só não basta”. Outro ponto crucial foi quando, em vídeo exibido na abertura da sessão, afirmou que ‘amar é saber olhar’, frase portadora de significado potente, que convoca à reflexão e, sobretudo, ao refinamento de nossas perspectivas diante do mundo.
Em rápida intervenção, registrei o quanto me sentia bem numa solenidade destinada a celebrar a Cultura e as Artes. E repito: é fundamental valorizar devidamente a contribuição dos artistas e dos intelectuais ao desenvolvimento da nossa sociedade. Eles são os mais eficientes intérpretes da realidade que nos rodeia e que tantas vezes nos aflige, nos espanta e nos deixa perplexos. Os artistas e os intelectuais são os leitores e os oráculos sofisticados do presente e do futuro. São, acima de tudo, inventores de novas possibilidades. Tudo o que puder ser feito para apoiar o que fazem deve ser feito – o que as nações mais ricas do mundo já sabem há bastante tempo.
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Ocupante da cadeira de número 32 da Academia Mineira de Letras (AML), eleito na sucessão de Almir de Oliveira, é de Bracher a capa do número 79 da revista da instituição, publicada na ocasião dos seus cento e dez anos. Pedi ao querido confrade um desenho para figurar no volume. Generoso como sempre, ele não se fez de rogado: entregou à Casa de Alphonsus de Guimaraens majestoso óleo sobre tela retratando o Palacete Borges da Costa, nossa sede histórica. É o seu belo quadro que recepciona nossos visitantes até hoje, afixado belamente na entrada da residência que nos abriga desde 1987, no endereço já mítico da Rua da Bahia.
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