‘A noite dos Mascarados’ traz uma trama num mundo sem internet e sem telas
Apaixonado pelas novelas policiais infantojuvenis que circulavam em finais dos anos 70, não perdia um lançamento das Edições de Ouro, sobretudo da coleção da “Turma do Posto 4”, assinada por Luís de Santiago, pseudônimo do português Hélio do Soveral. Também adorava a Vaga-Lume, da Ática, que me apresentou a Lúcia Machado de Almeida e a seus inesquecíveis escaravelhos do diabo e borboletas atírias. “O gênio do crime”, do habilidoso João Carlos Marinho, foi igualmente sedutor, assim como as tramas assinadas por Edgar Wallace, um dos romancistas mais populares do Reino Unido.
Movido pelo amor a esses textos, aventurei-me na escrita, com prazer e alegria. De inúmeros exercícios, acabou nascendo um enredo a que dei o nome de “A noite dos mascarados”. O livro foi publicado em novembro de 1983, na sede da Imprensa Oficial, quando o seu diretor era o imenso Murilo Rubião. A sessão reuniu amigos e familiares e não teve qualquer objetivo senão o de festejar um hobby que me gerou momentos extremamente agradáveis. O gosto por escrever, no entanto, permaneceu, e acabei enveredando pelo jornalismo. Com satisfação, assino essa coluna há quase oito anos e nunca me canso. Há sempre algo novo e interessante, sobretudo no mundo da Cultura e dos Livros, que merece divulgação e apoio.
Refletindo sobre essa forte estima pela literatura, lembrei-me, há cerca de oito meses, que “A noite dos mascarados” acabava de completar quarenta anos. Levado, sempre, a estimular em Carlos e Gabriela o entusiasmo pela leitura, e decidido a celebrar o aniversário da história que criei com tanta convicção, resolvi reeditá-la. Com a colaboração valiosa de profissionais do nível de Rubem Filho e Leonardo Mordente, terminei nessa semana a etapa principal do trabalho. Agora, o arquivo seguirá para a devida impressão.
Em respeito ao menino que fui e que, na essência, continuo sendo (o jornalista Luiz Carlos Costa diz que gosta de mim porque sou sempre o mesmo – o que me deixou honradíssimo), preservei ao máximo o conteúdo e a forma originais da obra, que volta praticamente intacta. É divertido acompanhar uma trama passada num mundo sem internet, sem celulares e sem redes sociais, onde os personagens passam o tempo lendo, jogando xadrez ou conversando uns com os outros. Estou curioso para ver a recepção da narrativa pelas crianças do século vinte e um, sobretudo das que não têm a menor ideia de que já existiu uma sociedade sem games e sem telas.
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