Viver em Voz Alta

O novo livro de Humberto Werneck

“Viagem no país da crônica” reúne textos do Portal da Crônica Brasileira

Mineiro de Belo Horizonte, Humberto Werneck formou-se em Direito pela UFMG, mas logo afirmou sua vocação para a Literatura e o Jornalismo. Acolhido por Murilo Rubião, trabalhou algum tempo no “Suplemento Literário”, antes de mudar-se definitivamente para São Paulo, em 1970, onde passou a trabalhar no “Jornal da Tarde”, ponto de partida de uma bem-sucedida carreira na imprensa brasileira.

Cronista semanal de “O Estado de S. Paulo” por uma década, Werneck também foi o curador do Portal da Crônica Brasileira, do Instituto Moreira Sales (IMS), plataforma até hoje em pleno vigor e que hospeda o melhor da produção dos grandes cronistas do país, como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Rachel de Queiroz. Foi para o portal que escreveu os textos que agora reuniu no saboroso “Viagem no país da crônica” (Tinta da China Brasil, 301 páginas).

Dono de prosa elegante, sempre no melhor estilo, espirituosa e bem-humorada, Humberto Werneck não está diferente neste novo livro. Quem leu suas publicações anteriores, sobretudo “O espalhador de passarinhos” (2010), “Esse inferno vai acabar” (2011) e “Sonhos rebobinados” (2014), voltará certamente a se deliciar com o que escreve o autor.

Com a excelente capa de Vera Tavares e texto da “orelha” de Guilherme Tauil, o livro é aberto pelo ótimo texto “Uma conversa aparentemente fiada”. Nele, Werneck levanta a trajetória da crônica no país, desde a sua chegada, em 1852, trazida pelo poeta e diplomata Francisco Otaviano, até a sua consolidação na preferência de milhares de leitores Brasil afora. Logo depois, em “O ouro da crônica”, o autor identifica o auge do prestígio e da popularidade do gênero em terras brasileiras: da metade dos anos quarenta à metade dos anos sessenta, quando, entre os nomes que a ele se dedicavam, entre outros, estavam os de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Clarice Lispector.

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Em “Encantos de um patinho feio”, Werneck chama a atenção para o “modo de produção” da crônica: “Coisa singular, a tal da crônica, esse patinho feio da literatura. Ao contrário do que se passe com o romance, com a novela, com o conto, ela nunca resulta de um longo processo de elaboração. Nem poderia. É algo que precisa ser escrito, haja ou não assunto, e escrito para já, sob a pressão dos prazos de fechamento do jornal ou da revista.” Foi justamente sobre isso que mais se perguntou ao autor, nas sessões de lançamento do livro: “E daqui para frente, com os jornais e as revistas se tornando cada vez mais raros, a crônica sobreviverá?” Uma questão que só o futuro poderá responder.

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