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Registros da história: conheça o acervo de José Maria Alkmim

Mineiro de Bocaiúva, ele foi deputado federal, secretário de Estado, ministro da Fazenda no governo de Juscelino Kubitschek e vice-presidente da República

Nascido em Bocaiuva, em 1901, José Maria Alkmim foi deputado federal, secretário de Estado, ministro da Fazenda no governo de Juscelino Kubitschek e vice-presidente da República. Foi um dos mais habilidosos e sagazes políticos mineiros, num tempo em que o Estado era conhecido pela inteligência, pela cultura e pela elegância de seus homens públicos. Dono de impressionante presença de espírito e de ótimo humor, protagonizou histórias que entraram para o folclore político brasileiro, como o célebre diálogo com um correligionário, a quem perguntou pelo pai, obtendo resposta aparentemente constrangedora: (“Meu pai já morreu, dr. Alkmim…”), mas não para Alkmim: “Morreu para você, filho ingrato! Continua vivo no meu coração!”

De conhecida capacidade de diálogo, aberto à diversidade de pensamentos e opiniões, fez parte de uma geração brilhante, também composta por nomes como Afonso Arinos de Melo Franco, Milton Campos, Pedro Aleixo, Paulo Pinheiro Chagas, Tancredo Neves, além do já citado JK. Sabia que a política não podia ser feita na base do ódio, do preconceito, da visão tacanha e mesquinha e da ignorância, e marcou sua época também pela habilidade de conversar com todo mundo. Atento e sensível aos dramas sociais, foi provedor da Santa Casa de Misericórdia, a ela dedicando, por décadas, o melhor de seus esforços.

Consciente de seu papel na vida política brasileira, detentor do sentido da posteridade, desde o começo de sua carreira dedicou-se a organizar, meticulosamente, seu impressionante acervo documental, integrado por cartas, manuscritos, fotos, recortes de jornais e revistas, condecorações e livros raros. Anotou tudo, registrou tudo. Com o seu falecimento, em 1974, seus filhos e netos passaram a conservar esse valioso tesouro (totalmente inédito) e o fizeram nas condições adequadas, para sorte de todos nós, já que, a partir de agora, ele poderá ser consultado, no Rio de Janeiro, por estudiosos e pesquisadores na sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, a chamada Casa da Memória Nacional, para onde seguiu na quinta-feira, 26 de setembro.

Fundada em 1838, a instituição também preserva, em ambiente seguro, técnico e profissionalizado, acervos do período imperial, e, ainda, de nomes como Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais, Epitácio Pessoa e Rodrigues Alves. A chegada da Coleção Alkmim ao IHGB amplia e fortalece ainda mais o valor do patrimônio intelectual gerido pela entidade, posto à disposição do público, e apto a gerar, a partir daí, benefícios de valor inestimável.

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