‘Sempre Paris’, de Rosa Freire D’Aguiar: conheça obra ganhadora do Jabuti de ‘melhor livro do ano’ de 2024

Ganhador do Jabuti de “melhor livro do ano” de 2024, “Sempre Paris – Crônica de uma cidade, seus escritores e artistas” (Companhia das Letras, 331 páginas), da excelente jornalista e tradutora Rosa Freire D’aguiar, está dividido em duas partes. Na primeira, intitulada “Antes que me esqueça”, a autora relata sua primeira temporada na Cidade-Luz, desde a chegada ao Aeroporto de Orly, em 1973, para trabalhar como correspondente da revista “Manchete”, até a mudança para Bruxelas, em 85, com o marido, o economista Celso Furtado, então nomeado Embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Europeia.

Nesta seção, no estilo elegante e fluente que lhe é peculiar, Rosa descreve os apartamentos em que morou, os cafés e restaurantes que frequentou ou sobre os quais escreveu deliciosas reportagens, além de partilhar com os leitores fascinante painel sobre o que aconteceu de mais relevante no mundo da política e das relações internacionais naquele período. São notáveis suas reminiscências de matérias sobre a Espanha (na época se reencontrando com a democracia), o Irã (ela entrevistou o Aiatolá Khomeini), a Polônia e a China. As lembranças das eleições de François Mitterand à presidência também são avivadas, com o merecido destaque à atuação de Jack Lang, o ministro da Cultura, que revolucionou o tratamento dado pelo governo a campo tão importante da atividade humana (com repercussões na economia e na sociedade). No exercício do jornalismo, a autora igualmente registra a passagem do General Ernesto Geisel por Paris e sua intensa convivência com os escritores e intelectuais que habitavam a cidade. Rosa ainda faz verdadeira declaração de amor à capital francesa, lembrando famosa frase de Jules Renard: “Acrescente duas letras a Paris, e será o Paraíso”.

A segunda parte reproduz preciosas entrevistas realizadas por Rosa com grandes personalidades, como Elizabeth Badinter, Ernesto Sábato, Eugène Ionesco, Georges Simenon, Julio Cortázar e Simone Veil. No encarte de fotos, os leitores flagram a autora flanando pela cidade, interagindo com seus entrevistados, ou, ainda, participando de entrevistas coletivas ou viagens de trabalho.

Se você gosta de leituras inteligentes e sofisticadas, que fazem a gente viajar no espaço e no tempo, proporcionando momentos de refinado prazer ao seu espírito, então leia o livro “Sempre Paris”. Não haverá arrependimento…