“Visconde do Rio Branco: terra, povo, história”, de Oiliam José, será relançado
Segundo ocupante da cadeira de número 30 da Academia Mineira de Letras (AML), Oiliam José foi seu secretário geral e o organizador das célebres “Efemérides”, destinadas a registrar, por décadas, as datas, os acontecimentos e os debates mais relevantes travados na Casa de Alphonsus. De apaixonada vocação para o ofício de Heródoto e dotado da disciplina e do ânimo necessários a empreendimentos de fôlego, o autor soube construir legado potente e perene, que continua a iluminar e a orientar os passos dos que o sucederam no amor a Clio.
De múltiplos interesses, e plenamente apto a convertê-los em objetos de investigação, Oiliam José nunca escondeu sua preferência pelos temas ligados à sua província natal. Se em sua bibliografia há notáveis estudos sobre importantes momentos da vida do estado, como a Inconfidência, ou, ainda, sobre como as campanhas do Abolicionismo e da República repercutiram em solo mineiro, nela também é possível encontrar análises pioneiras sobre os nossos indígenas, e sobre o Racismo em Minas Gerais, sem esquecer de sua vívida e frutífera fixação em personalidades como Tiradentes e Marlière.
Foi, no entanto, ao levantar a saga do município onde nasceu, que Oiliam José conquistou lugar definitivo na galeria dos historiadores mineiros, seja pelo alto padrão de seu trato com as fontes, seja pela competência em cotejá-las e interpretá-las, seja pelo manejo apurado dos recursos da linguagem, gerando material denso e, ao mesmo tempo, largamente legível, requisito essencial à sua eficiente circulação. Agora, por iniciativa de seu conterrâneo, o Desembargador Tiago Pinto, um de seus trabalhos mais impressionantes está a ponto de ser relançado, em caprichada edição. Trata-se de “Visconde do Rio Branco: terra, povo, história”, publicado originalmente pela Imprensa Oficial, em 1982.
Em 565 páginas, o autor produz retrato minucioso e fiel não só de sua terra, mas de toda a região, começando pelos seus primeiros habitantes e contando, em pormenores, como se deu o seu devassamento e a conquista do território. Seu povoamento merece capítulo especial, assim como a fundação de suas instituições mais antigas, como igrejas e escolas. Sempre à luz da história de Minas e do Brasil, Oiliam José destaca, ainda, como acontecimentos cruciais da vida nacional atingiram a sua comunidade, escrevendo seções importantes sobre a Revolução Liberal de 1842, a campanha pela Proclamação da República e a Revolução Constitucionalista de 1932, sem esquecer de refletir sobre as relações entre os rio-branquenses e o esporte, a imprensa, a música e as artes.
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