Desafios de uma terceira via

Toda manhã, leio três jornais mineiros e um paulista. Faz parte do ser jornalista que não me abandona nunca! E começo minha leitura matutina pelo DIARIO DO COMÉRCIO, onde trabalhei por duas décadas antes de ser deputado federal em Brasília, a partir de 1991.
Na sexta-feira, 8 de outubro, li e reli, com prazer, o editorial do DC: “Quem pensa no Brasil”. Hoje, como leitor e colaborador, gostaria de destacar e comentar o eixo central do editorial de nosso jornal.
O ponto de partida do editorial é muito objetivo e inegável: pelas pesquisas, “a polarização e a escolha de qualquer um dos dois nomes (Bolsonaro ou Lula) que aparecem, poderá significar apenas não mais que uma inversão de sinais. O certo de hoje será o errado de amanhã e o Brasil continuará andando em círculos, sem sair do lugar”.
Esse foco é explicitado com a falta total de projetos objetivos e factíveis, novas ideias concretas diante dos problemas ingentes, que a Nação e seu povo enfrentam – (“Há um ensurdecedor silêncio sobre seus planos de governo” – resvalando na “fulanização” da política e na polarização entre nomes questionáveis apenas de candidatos mais do que vulneráveis. Onde estão os partidos políticos seus projetos de Brasil?
Se o surgimento de uma terceira via significar apenas o aparecimento de mais um nome, o crescimento econômico, o desenvolvimento social e cultural, a inflação, a diferenciação abissal das rendas, a fome e a doença, a mortalidade infantil continuarão no estágio em que estão, nesses tempos de pandemia e de grande crise que se arrasta. Diante dos partidos, podemos repetir, com propriedade, o título do editorial: “Quem pensa o Brasil?”.
Na ineficácia dos partidos políticos, emerge toda sorte de oportunistas e populistas – inclusive corruptos – que estão longe de serem estrelas, iluminando o céu da política brasileira, oferecendo ao nosso povo, novos paradigmas de vida econômica, social, política, cultural e espiritual.
O nascimento de um partido expressivo como o União Brasil pode ser um sinal da emergência de algo novo, inclusive com três nomes para disputa da Presidência: o ex-ministro Mandetta, da Saúde; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o jornalista Datena, da Band. Com todo respeito aos três nomes, seria importante que um novo nome, como terceira via, seja acompanhado de um projeto sério de Brasil, saindo da pandemia e da grande crise, gerando novas condições de vida para o generoso povo brasileiro.
Além de um bom projeto de Brasil, a terceira via terá uma circunstância histórica nada fácil de ser superada. É que a polarização tem um caráter inegável, se o foco é o Brasil, como um todo, do ponto de vista nacional.
Mas é um desafio para a terceira via encarar a política em cada Estado, em cada região brasileira, onde a polarização não é tão evidente quanto no nível nacional. Antes de ser um novo governo, rejuvenescendo a Pátria, será necessário destrinchar as forças políticas, que pululam nos estados, independentes da bipolarização nacional. Isso só uma nova política será capaz de concretizar historicamente.
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