As pesquisas de opinião sobre as preferências dos eleitores na eleição presidencial do próximo ano continuam apontando folgada vantagem para o candidato do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula. Lembrando o ex-governador Magalhães Pinto, política e nuvens mudam o tempo todo e muita coisa pode acontecer até o mês de outubro do próximo ano. Não por outra razão as pesquisas, quando divulgam suas previsões, sempre lembram que o resultado apontado vale, exclusivamente, para o dia em que a pergunta foi feita aos eleitores.
De qualquer forma, e considerado o momento, permanece a polarização e a escolha de qualquer um dos dois que aparecem poderá significar apenas não mais que uma inversão de sinais. Para culminar, inexoravelmente, seja qual for o vencedor, com alianças de conveniência com os mesmos personagens de sempre, dentro de uma precificação que não para de subir.
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O certo de hoje será o errado de amanhã e o Brasil continuará andando em círculos sem sair do lugar. Triste destino que pode ser percebido de uma outra forma. Claramente e sem qualquer pudor ou disfarce, os candidatos que estão, ou pretendem estar, na corrida presidencial de 2022, refletem, como foi no passado, projetos de poder, em larga medida fulanizados – não é outra a condição dos que aparecem à frente das pesquisas -, enquanto prossegue um ensurdecedor silêncio sobre seus planos de governo.
Diante do tamanho dos problemas que o País tem pela frente é absolutamente espantoso que nenhum deles, para aquém dos limites da trivialidade, apresente ideias concretas, projetos objetivos e factíveis que, refletindo a vontade da maioria, deveriam ganhar a força e permanência de projetos de Estado. Balizadores de mudanças que refletissem integralmente a vontade e as necessidades coletivas, voltadas integralmente para o Brasil e os brasileiros, para o futuro possível e ao alcance de planejamento, determinação e muita vontade.
Quem, entre os nomes, todos eles, que frequentam as pesquisas que têm sido divulgadas ou até mesmo a sonhada terceira via forte e respeitada o suficiente para quebrar a liturgia do “nós e eles”, se apresenta pelo menos próximo desse ideal? Assusta, mais ainda em momento como o atual, constatar este vazio ou entender como utopia o surgimento de alguém que seja, e não apenas por conveniência, integralmente, de verdade, pró-Brasil, sem outra ambição que não a de servir ao seu país, servir a seus compatriotas e assim ser acolhido e legitimado.
Estamos, triste constatar, no terreno da utopia, o que não deve nos impedir de acreditar que é possível fazer da utopia a vontade coletiva.