Opinião

Distrito industrial de Barroso

Distrito industrial de Barroso
Crédito: Prefeitura de Barroso/Divulgação

José Eloy dos Santos Cardoso *

Lendo o DIÁRIO DO COMÉRCIO de sexta-feira (24), encontrei com satisfação a notícia da entrada em operação do Distrito Industrial de Barroso, na região Central de Minas. Na gestão da presidência da Cdimg do ex-prefeito e ex-deputado dessa cidade, Baldonedo Napoleão deu início à implantação do referido DI. Acompanhei com atenção os estudos desse distrito industrial que, pelo que constou das declarações do atual prefeito municipal, Reinaldo Fonseca, a referida área industrial encontrou obstáculos ambientais para seu início de atração e localização de empresas.

Passado quase 30 anos, o referido distrito industrial já pode entrar em operação. Entretanto, pela minha experiência não participo da ideia de que a “municipalização dos distritos industriais realizada pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – Codemig foi a razão da entrada em operação do DI.” Pelo contrário, o “descarte” dos antigos distritos industriais estudados e realizados na gestão do ex-governador Fernando Pimentel e seguido à risca pelo ex-presidente da Codemig, Castelo Branco, foi justamente um dos causadores do retardo do desenvolvimento da economia mineira.

Com exceção dos municípios de Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Pouso Alegre e Juiz de Fora, Alguns não estão nem conseguindo pagar os salários do funcionalismo, e não terão certamente recursos nem para os necessários reparos nas redes de água e esgoto, de energia elétrica, nos calçamentos das vias e meios-fios, quando necessários, pela ação do tempo ou pelo uso. Além disso, os municípios menores não possuem técnicos como economistas, administradores, contadores, advogados e outros especialistas entendidos em desenvolvimento econômico e social.

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No caso de Barroso, não sei nem como a prefeitura conseguiu completar a contento toda a infraestrutura necessária a um distrito industrial. As informações do prefeito dessa cidade, Reinaldo Fonseca, que “toda a infraestrutura necessária do DI já está pronta para receber indústrias de diferentes portes e segmentos que queiram se instalar na cidade”, é algo de muito importante. Esse distrito industrial possui uma área total de 44 hectares, das quais 22 deles já estão preparados para receber empreendimentos por já possuirem água, esgoto, energia e pavimentação.

Embora tudo isso seja importante e “bem-vindo”, não é nada fácil atrair empresas e outros empreendimentos, mesmo para as chamadas cidades-polo. As concessões por 30 anos, podendo ser prorrogadas por prazos até maiores, são importantes. Se for apenas as questões ambientais que impediram o desenvolvimento industrial do DI, ótimo.

Enquanto Minas Gerais “patina e derrapa”, outros estados como São Paulo não dormem no ponto. Em Minas, o governo petista de Pimentel destruiu e acabou com a Cdimg. Enquanto isso, o governo paulista de João Dória vai criar vários outros distritos e polos industriais. A intenção é melhorar as infraestruturas das regiões que receberão os incentivos, dar acesso diferenciado a crédito, simplificação de licenças e melhoria das condições fiscais e tributárias.

As ações paulistas vão beneficiar os setores farmacêutico e matalúrgico; de máquinas e equipamentos; automotivo; químico, borracha e plástico; petroquímico; de biocombustíveis; de alimentos e bebidas; têxtil; de vestuário; de couro e calçados; de tecnologia, etc. Só por estas citações, o governo paulista está abraçando a economia como um todo e dando assistência técnica e empresarial para valer. A lista paulista é volumosa. A chamada atração dos polos de São Paulo é para identificar as falhas de mercado e atuar também nas falhas de governo. O trabalho é alavancar a produtividade do setor privado, impulsionando e melhorando as políticas públicas nas regiões onde as cadeias produtivas estão localizadas.

Enquanto São Paulo trabalha cada vez melhor, o que assistimos em nosso Estado é a Codemig “descartando “o excelente trabalho de atração de empresas que a Cdimg, sob a competente e desenvolvimentista administração que Silviano Cançado de Azevedo e seus técnicos realizaram nos anos 70/80 e que produziram o famoso quadripé do desenvolvimento. Enquanto naqueles anos Minas Gerais produzia seu PIB duas vezes maior do que a média do PIB nacional, no presente, se Minas não tiver um crescimento negativo já estará bom.

  • Economista, professor, ex-assessor da presidência da Cdimg e jornalista

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